sexta-feira, 23 de maio de 2014

Os militares golpistas prendem a ex-primeira-ministra da Tailândia

Soldados tailandeses prendem o líder dos 'camisas vermelhas'. / STR (EFE)
A junta militar no poder na Tailândia deteve nesta sexta-feira a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra, em mais um passo para reafirmar seu controle sobre o país depois do golpe de Estado que foi condenado internacionalmente. A ex-primeira-ministra, irmã do homem-chave na crise política tailandesa, Thaksin Shinawatra, tinha comparecido ao Clube do Exército em Bangkok, onde fora convocada junto com outros membros de seu governo. Os militares proibiram, além disso, a saída de 155 políticos e ativistas do país e reforçaram a segurança nas fronteiras. O Conselho para Manutenção da Ordem e da Paz Nacional, o nome oficial da junta, assumiu o controle do país na quinta-feira depois do fracasso de uma reunião entre os representantes políticos tailandeses para tentar resolver uma crise política que chegava a um beco sem saída depois de seis meses de manifestações de rua. Proclamou imediatamente o toque de recolher e ordenou a dissolução das concentrações que tinham paralisado o país. Esta sexta-feira, deu um passo a mais. Yingluck Shinawatra, que o Tribunal Constitucional tinha afastado do cargo em 7 de maio depois de considerá-la culpada de abuso de poder e que tinha se retirado, desde então, para sua residência em Chiang Mai, no norte do país, foi convocada para se apresentar no Clube do Exército em Bangkok, onde chegou em um carro blindado. También compareceram seu sucessor, Niwatthamrong Bonsongpaisan e outros dirigentes do governo, todos eles ameaçados de detenção caso não se apresentassem. Mas Yingluck ficou presa mesmo assim. Em declarações à agência Reuters, um membro do alto comando assegurava que "detivemos Yingluck, sua irmã e seu cunhado", todos eles importantes figuras políticas. "Ficarão detidos durante não mais que uma semana, se não seria muito tempo. Temos que organizar primeiro as coisas no país", indicou o membro do alto comando. O meio de comunicação tailandês Naew Na afirma em sua página web que a ex-chefa de governo foi levada a uma base militar na província de Saraburi, ao norte de Bangkok. A junta militar encabeçada pelo novo "homem forte" tailandês, Prayuth Chan-Ocha, prendeu políticos do governo e da oposição desde que proclamou na quinta-feira um golpe de Estado, impondo o toque de recolher e ordenando a dissolução das manifestações que paralisaram o país nos últimos seis meses, precipitando a atual crise política. Yingluck Shinawatra é irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um antigo magnata das telecomunicações tailandesas e muito popular entre as classes mais desfavorecidas. Ganhador das eleições em 2001, foi deposto pelo Exército em um golpe anterior, em 2006, sob acusações de corrupção e falta de respeito com o rei Bhumibol Adulyadej, de 86 anos, cuja saúde está em declínio. Embora Thaksin se encontre fora do país desde 2008, quando abandonou a Tailândia para evitar ir à prisão por corrupção, não deixou de exercer uma poderosa influência na política de seu país. A oposição, apoiada desde novembro por manifestantes nas ruas de Bangkok, acusa o ex-primeiro-ministro e sua irmã de corrupção e abuso do poder, e reclama que seja nomeado um primeiro-ministro interino neutro. Mas os camisas vermelhas, o movimento popular leal a Thaksin, ameaçavam com atos de violência em concentrações paralelas nos arredores da capital se o Executivo fosse destituído. Um total de 28 pessoas morreram e centenas ficaram feridas nas manifestações. Em fevereiro, a Tailândia realizou eleições, mas a votação foi anulada devido aos protestos em numerosas circunscrições. Enviar vídeo REUTERS-LIVE! Desde então, o país viveu uma crise política, na qual nem o governo de Yingluck ou seu sucessor, nem a oposição, quiseram ceder, enquanto a economia registrava uma queda profunda. No primeiro trimestre do ano houve uma contração de 2,1% frente ao último trimestre do ano anterior. Segundo Kim McQuay, responsável pela organização Asia Foundation na Tailândia, Prayuth, à frente de um exército que já deu 18 golpes de Estado, 11 deles com sucesso, desde 1932, pode ter atuado precisamente "por causa da preocupação sobre o andamento da economia”. "Estava bastante claro que os atores políticos estavam se afastando cada vez mais e havia pouca sensação de que seria possível chegar a um compromisso" que permitiria uma solução de consenso entre as partes. Depois da autoproclamação de Prayuth como primeiro-ministro transitório, a junta dividiu as funções de comando. O "número dois", o general Thanasak Pratimaprakorn, ficará a cargo dos assuntos de segurança e supervisionará, entre outros, os ministérios de Exterior, Defesa e Interior. O chefe de Estado Maior do Ar, o general Prajin Junton, estará a cargo dos assuntos econômicos, segundo informa o jornal The Nation em sua página web. No momento, os militares não deram indícios de por quanto tempo a situação atual pode se prolongar. O que quiseram fazer foi se esforçar para demonstrar uma posição neutra nas disputas políticas, tanto na hora de dissolver as manifestações dos dois lados, como ao deter ou proibir a saída de políticos do governo deposto ou da oposição. Isso não impediu que alguns grupos de tailandeses saíssem à rua para protestar contra o golpe.

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