sábado, 3 de maio de 2014

A descoberta de um antibiótico proibido em vinhos de 13 vinícolas gaúchas — 24,5% das empresas fiscalizadas — levantou dúvidas e temores entre os apreciadores da bebida no Rio Grande do Sul.


A descoberta de um antibiótico proibido em vinhos de 13 vinícolas gaúchas — 24,5% das empresas fiscalizadas — levantou dúvidas e temores entre os apreciadores da bebida no Rio Grande do Sul. Especialistas sustentam que a presença da substância natamicina, destinada a combater fungos, não representa um risco imediato à saúde. A principal ameaça em caso de uso prolongado e em dosagens elevadas é o aumento progressivo da resistência a antibióticos. Como o exame realizado em amostras de 53 fabricantes não indica a concentração da natamicina, mas apenas se ela está ou não presente na bebida, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não sabe informar em que dosagem ela foi inserida de maneira fraudulenta nos produtos. A mistura foi verificada em lotes já retirados do mercado de vinhos suaves produzidos em vinícolas de pequeno porte da Serra e vendidos geralmente em garrafões e embalagens pet. Veja a lista com os nomes das empresas flagradas pela fiscalização Em entrevista coletiva realizada na superintendência do ministério, na Capital, na tarde desta sexta, o órgão também não soube informar a quantidade de garrafas comprometidas pela adulteração. — Essa substância foi utilizada para evitar a proliferação de fungos no vinho por ser a maneira mais fácil de resolver o problema. Também é possível evitar essa proliferação com sistemas eficientes de produção e filtragem, mas a natamicina é a solução de mais baixo custo — afirmou o superintendente do ministério no Estado, Francisco Signor. Uma das empresas envolvidas já foi julgada em primeira instância, e agora o processo segue para Brasília para julgamento em segunda instância. As demais deverão receber o primeiro veredito em breve. Depois disso, dentro de alguns meses, os nomes daquelas condenadas administrativamente serão encaminhados para o Ministério Público para eventual denúncia à Justiça na área cível ou criminal. O professor de Microbiologista Clínica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alexandre Fuentefria sustenta que a toxicidade da natamicina é muito baixa, o que evita riscos imediatos à saúde. O maior problema, segundo o especialista, é o uso continuado e em doses elevadas dessa substância: — Os micro-organismos mais sensíveis são eliminados, e restam os mais resistentes. Com o passar do tempo, pode haver um aumento da resistência aos antibióticos e maior dificuldade de combater certas doenças. Segundo o professor de Controle de Qualidade de Alimentos e Microbiologia de Alimentos da UFRGS Eduardo Tondo, a saída para o consumidor a fim de evitar problemas desse tipo é procurar marcas com notória reputação: — A melhor recomendação é consumir alimentos de empresas em que a gente confia. A marca é o maior patrimônio de uma empresa. Se a empresa tiver uma marca a zelar, fará de tudo para manter o seu produto saudável e com boa qualidade. PERGUNTAS E RESPOSTAS — O que é a natamicina? É um antibiótico utilizado para eliminar fungos. É empregado em medicamentos como colírios, por exemplo, e o uso em alimentos é permitido no Brasil apenas na crosta de queijos e na superfície de embutidos, em dosagens controladas que não oferecem risco. Mas não deve estar presente na parte interna destes alimentos. — Qual o efeito da natamicina pode provocar misturada no vinho? O uso permanente e em dosagens mais elevadas do que o tolerado pode levar a um aumento progressivo da resistência a antibióticos. Aos poucos, a substância pode eliminar os micro-organismos mais sensíveis e preservar os mais resistentes. Assim, pode reduzir o efeito esperado de um medicamento quando ele for necessário. — A natamicina pode provocar alguma doença? Não, apenas aumentar a resistência de alguns micro-organismos a antibióticos. Em caso de uso prolongado e em doses altas, pode dificultar o combate a uma determinada doença. — Em que dosagem a natamicina foi misturada aos vinhos adulterados? Não se sabe. O Ministério da Agricultura informou que o exame apenas indica se a substância está ou não presente no vinho, mas não indica em qual concentração. — Os vinhos adulterados ainda estão à venda? A superintendência do Ministério da Agricultura no Estado informou que foram retiradas do mercado todas as garrafas dos lotes que apresentaram resultado positivo para a substância proibida. Exames feitos em outros lotes ainda estão à espera do resultado. — Quantas garrafas foram adulteradas? O Ministério da Agricultura não soube informar. — Posso ter tomado vinho de um lote contaminado. Há algo que eu deva fazer? Não, segundo o professor de Microbiologia Clínica da UFRGS Alexandre Fuentefria. Não há necessidade de adotar qualquer procedimento em relação à saúde. — As 13 empresas flagradas pela fiscalização continuam produzindo? Sim. Os lotes que tiveram contaminação comprovada foram retirados do mercado, mas as empresas seguem produzindo. Elas serão julgadas, poderão receber multa e outras punições decorrentes de processos cíveis e criminais. Caso sejam flagradas novas adulterações, segundo o Ministério da Agricultura, poderão ser interditadas. — Há risco em consumir produtos destas empresas? Não há comprovação, mas o Ministério da Agricultura decidiu divulgar os nomes das empresas flagradas para que os consumidores tomem as precauções que considerem necessárias, como deixar de comprar produtos delas. Os lotes comprovadamente contaminados foram tirados de circulação, mas novas análises de outros produtos ainda não ficaram prontas. — Há um tipo mais seguro de vinho para beber? Em relação à contaminação específica por natamicina, sim. O risco é maior nos chamados vinhos suaves, que contêm açúcar — o que favorece a multiplicação de fungos, segundo o professor de Controle de Qualidade de Alimentos e Microbiologia de Alimentos da UFRGS Eduardo Tondo. A natamicina é empregada para eliminar esses fungos e evitar que a bebida volte a fermentar. Empresas de boa qualidade, segundo o Ministério da Agricultura, conseguem contornar esse problema por meio de sistemas de produção e filtragem mais adequados. — Outras empresas podem estar fraudando o vinho? Não há comprovação até o momento. Há cerca de 680 empresas vinícolas no Estado. Destas, cerca de 200, segundo a Superintendência do Ministério da Agricultura no Estado, produzem vinho suave (sujeito ao uso da natamicina). Foram fiscalizadas 53 destas empresas, das quais 13 (24,5%) acabaram flagradas usando a substância proibida. A fiscalização deu prioridade às indústrias sob maior suspeita de usar o produto. Novas fiscalizações podem ou não flagrar outras empresas.

Confira a lista das vinícolas; município de origem e marcas Vinícola Gilioli (Caxias do Sul) – Vinho Casa Gilioli; Casa Gilioli Seleção Casa Motter (Caxias do Sul) – Vinho Casa Motter Del Colono(Antonio Prado) – Vinho Bella Itália; Vinho Tchodo São Luis (Caxias do Sul) – Vinho Bortolini VT Vinhos (Bento Gonçalves) – Vinho Quinta Estação e Cavi Titton Vinhos Bampi (Caxias do Sul) – Vinho Bampi Cooperativa Forqueta (Caxias do Sul) – Vinho Forqueta; Vinho Muraro e Vinho Adega Forqueta Cooperativa Victor Emanuel (Caxias do Sul) – Vinho Don Victor Emanuel Santini (Caxias do Sul) - Vinho Santini Capelletti (Caxias do Sul) - Vinho Capelletti I.A Sandi (Flores da Cunha) – Vinho Santa Teresa de Calcutá; Vinho Santa Teresa de Avila e Vinho San Francisco Adega Silvestri (Caxias do Sul) – Vinho Don Silvestri Indústria e Comércio de Bebibas CMS (Antonio Prado) - Vinho Del Prado e Pio XII...
Fonte: Ministério da Agricultura

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