sábado, 31 de maio de 2014

O fenômeno Joaquim Barbosa


ministro Joaquim Barbosa
Se já era espantosa a capacidade do presidente da Suprema Corte de ocupar o centro das atenções, o anúncio na última quinta-feira da sua aposentadoria imediata reforçou substancialmente o seu poder e a sua magia. O mistério em torno dos reais motivos que o levaram a interromper uma fulgurante carreira, as versões logo divulgadas – inclusive supostas ameaças de morte – tudo contribui para alimentar a magistral perícia deste magistrado para surpreender e empolgar. A opção pela renúncia é, em si, uma formidável alavanca para produzir admirações. Num ambiente marcado pela ambição desmedida, cobiça exorbitante e sofreguidão pelo poder, o simples gesto de abdicar e abrir mão contrasta vivamente com a legião de mãos sorrateiras, prontas para apoderar-se de tudo. Barbosa conhece a dinâmica do sebastianismo, o magnetismo exercido pelos encobertos, o fascínio dos sumidos. Escolheu o ostracismo como proteção e reforço. Espontaneamente, encaminha-se ao banco dos reservas num momento em que todos se engalfinham pela camisa de titular. Numa paisagem marcada pelo desgaste das lideranças e a evaporação das idéias-força, Barbosa prefere recolher-se para lustrar o capital acumulado. O horizonte sombrio sugere incertezas, trepidações, fissuras e até rupturas. Não apenas aqui ou no nosso entorno, mas também nos laboratórios do hemisfério norte e nos acervos do Velho Mundo. Os indícios fornecidos no último domingo pelo pleito europeu se avolumam e ganham relevância na medida em que a galeria de lideranças -- independente das colorações partidárias – converte-se em mostruário de nulidades e insignificâncias. As exceções vão por conta de Angela Merkel (interessante mix de pragmatismo, moderação e racionalidade) e Vladimir Putin (com apetite, treino e instinto para audácias), o restante do time de chefes de governo é deplorável: David Cameron, François Hollande e Mariano Rajoy são medíocres, canhestros, o recém-chegado Matteo Renzi ainda não rodou o suficiente para mostrar atributos. O quase ex-presidente do STF sabe que o nível dos competidores dá dimensão aos torneios, por isso deve aguardar desafios mais qualificados. Na arena do STF seria compelido a desgastar-se com embates menores. Prefere preservar-se. E, periodicamente, fazer intervenções surpreendentes. Tem calibre, saber e senso de oportunidade para cultivar esperanças e expectativas. Joaquim Barbosa entrou em cena por vontade alheia, o presidente Lula queria um negro na corte suprema. Em apenas onze anos, o ilustre desconhecido tornou-se o mais visível e respeitado chefe do Judiciário de todos os tempos. Diz o que pensa, faz o que lhe dita a consciência e o dever cívico e, como se não bastasse, consegue irradiar sua imagem e mensagens para grande parte da população, sem dispor de qualquer máquina partidária, midiática ou empresarial. É um fenômeno. 

Fonte: el pais.

Renúncia de Joaquim Barbosa relembra saída de Jânio Quadros do poder

"Os dois personagens se parecem. São dados à rompantes e atitudes autoritárias", comentou presidente da OAB-RJ, Felipe de Santa Cruz
Renúncia de Joaquim Barbosa relembra saída de Jânio Quadros do poder Parecia um dia normal na rotina do Supremo Tribunal Federal até o presidente da casa, o ministro Joaquim Barbosa, ocupar a sua cadeira na manhã desta quinta-feira (29/5) para anunciar uma decisão que pegou o povo brasileiro e o colegiado de surpresa. A forma de renúncia de Barbosa, nomeado na expectativa da contribuição de um grande jurista que prestou serviços relevantes ao país, remeteu a um outro episódio histórico: o ato de saída do presidente Jânio Quadros do governo, no dia 25 de agosto de 1961. >> Joaquim Barbosa diz que causa de sua saída foi apenas 'livre arbítrio' >> Barbosa anuncia aposentadoria na sessão do STF O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ (OAB-RJ), o advogado Felipe de Santa Cruz, encontra semelhanças nos perfis de atuação de Joaquim Barbosa e do ex-presidente Jânio Quadros, que também renunciou em meio a muitas polêmicas e questionamentos. "Os dois personagens se parecem. São dados a rompantes e atitudes autoritárias. O Joaquim Barbosa, por exemplo, teve sérias dificuldades com a advocacia. Mas isso não é desmérito as suas conquistas no STF. Teve uma trajetória brilhante e conquistou uma posição de muito respeito e profissionalismo", considerou Santa Cruz, lembrando ainda que JB foi o primeiro ministro negro a ocupar a presidência do STF. "Os dois personagens se parecem. São dados à rompantes e atitudes autoritárias", comentou presidente da OAB-RJ, Felipe de Santa Cruz "Os dois personagens se parecem. São dados à rompantes e atitudes autoritárias", comentou presidente da OAB-RJ, Felipe de Santa Cruz Felipe de Santa Cruz recebeu a notícia da renúncia de JB durante um encontro das seccionais da OAB em Recife, realizado nesta quinta-feira. Ele avalia que, do ponto de vista pessoal, é um direito de Joaquim Barbosa se aposentar. Santa Cruz comentou que nos corredores do STF já se cogitava há algum tempo o afastamento do presidente da casa, por causa das fortes dores na coluna que o impediam de permanecer sentado por muito tempo nas sessões. No entanto, na análise jurídica de Santa Cruz, a renúncia gerou um "estranhamento" pela falta de justificativas do presidente do STF, que nos últimos anos conquistou uma posição de destaque no cenário nacional, especialmente em torno do Mensalão. >> O aproveitador No dia 12 de maio de 2014, o Jornal do Brasil publicou um artigo na editoria Opinião ressaltando que as decisões monocráticas de autoridades permitem uma reflexão sobre esses personagens, que apostam na estratégia de chamar a atenção da opinião pública através da mídia, para serem transformados em heróis. Porém, é justamente esse caminho que coloca em risco os seus cargos nas instituições, abrindo a possibilidade de abandonarem os postos antes do tempo previsto. Citamos que um mandato que encerraria em novembro deste ano, poderia ser abandonado muito antes, para uma saída como líder. O ministro Joaquim Barbosa disse nesta quinta-feira (29), ao deixar a sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, que vai aproveitar os primeiros momentos da aposentadoria para fazer duas coisas: descansar e assistir aos jogos da Copa do Mundo. Ele afirmou, cercado pelos repórteres, que o motivo de ter resolvido deixar a presidência do tribunal e o cargo de ministro por um único motivo: "livre arbítrio". Ele lembrou que quando foi sabatinado no Senado, quando indicado para o Supremo, em 2003, já tinha dito que não pretendia ocupar o cargo até a idade-limite de 70 anos. Joaquim Barbosa deixa o STF: "Sai da minha vida a Ação Penal 470, e espero que saia da vida de vocês. Chega desse assunto" Joaquim Barbosa deixa o STF: "Sai da minha vida a Ação Penal 470, e espero que saia da vida de vocês. Chega desse assunto" "Eu deixei muito claro, durante todos estes anos, que não tinha intenção de ficar a vida toda aqui no Supremo Tribunal Federal. A minha concepção da vida pública é pautada pelo princípio republicano. Acho que os cargos têm que ser ocupados por determinado prazo e, depois, deve-se dar a oportunidade a outras pessoas. E eu já estou aqui há 11 anos." >> Barbosa anuncia aposentadoria em sessão do Supremo Tribunal Federal O diálogo com a imprensa, realizado em um canto do plenário, enquanto a sessão continuava sob a presidência do ministro Ricardo Lewandowski, foi o seguinte: - Alguma decepção? Nenhuma. - Quais são os seus planos? Meus planos mais imediatos são dois. Primeiro, ver a Copa do Mundo em Brasília, e o segundo plano, descansar. O Pedro Simon (senador) propôs caravana pelo país, dando palestras... Eu preciso de descanso, inicialmente. Esta decisão eu tomei naqueles 22 dias que eu tirei em janeiro e estive na Grã-Bretanha e na França. Aquilo foi decisivo para minha decisão. - O senhor pretende ir ao exterior? Não imediatamente. - E o mensalão? Este assunto está completamente superado. Sai da minha vida a Ação Penal 470, e espero que saia da vida de vocês. Chega desse assunto. - Algo a dizer aos brasileiros? Dizer aos brasileiros? O que já disse de maneira muito breve. Eu passei por momentos muito importantes aqui no STF. Eu acredito com a máxima sinceridade que, ao longo destes 11 anos, não em função da minha presença, houve grande sintonia entre o STF e o país. O Supremo decidiu questões cruciais para sociedade brasileira, não preciso nem citar. Causas de impacto inegável sobre a nossa sociedade, de maneira que me sinto muito honrado de ter participado desse momento tão rico, desses acontecimentos que tiveram lugar no tribunal. De 2003 até hoje espero sinceramente que eles continuem a acontecer, porque o Brasil precisa disso. - O senhor presenciou o STF com várias formações... O tribunal vem passando por mudanças e vai passar até 2018. Teremos inúmeras mudanças. Já começa a ser um tribunal diferente. Em 2018, com certeza sairá de cena o Supremo dos últimos sete, oito anos. Razão a mais para eu me antecipar, e dar lugar para outras pessoas, novas cabeças, novas visões do mundo, do estado e da sociedade. - Acha que tem que renovar? É importantíssima a renovação. Durante a minha sabatina eu disse que não seria contrário à mudança nas regras de nomeação para o STF, como a introdução de mandatos. Desde que não fosse mandato muito curto, que é desestabilizador, e nem extraordinariamente longo. Falei até em mandato de 12 anos. Completei 11 anos, e então está bem.

Fonte: Jornal do Brasil.


Dante inicia no time titular, e Bernard deixa treino após pancada de Paulinho

Neymar no treino da seleção (Foto: Mowa Press)
O técnico Luiz Felipe Scolari comandou neste sábado o primeiro coletivo na preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo. Na Granja Comary, em Teresópolis, o treinador apostou no zagueiro Dante entre os titulares na vaga do capitão Thiago Silva. A tendência é que o defensor do Paris Saint-Germain seja um dos poupados do amistosos da próxima terça-feira, contra o Panamá, no Serra Dourada, em Goiânia. Quem assustou a comissão técnica foi o atacante Bernard, que deixou o treino após sofrer uma pancada de Paulinho no pé direito. A equipe titular iniciou a partida com a seguinte formação: Júlio Cesar, Daniel Alves, Dante, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar; Hulk, Neymar e Fred. Os reservas foram escalados com: Jefferson, Maicon, Thiago Silva, Henrique e Maxwell; Fernandinho, Hernanes, Ramires, Willian e Bernard; Jô. Victor, que deve ser utilizado durante a atividade, fez um trabalho à parte com o preparador Carlos Pracidelli. Após os dez primeiros minutos, Felipão soltou a seguinte frase para o grupo e depois apenas para o atacante Neymar. - Já se passaram dez minutos - gritou o comandante. O tempo pode ser uma referência ao desempenho do Brasil na Copa das Confederações do ano passado. Em três dos cinco jogos do torneio, a Seleção marcou o primeiro gol antes dos dez minutos. Na estreia, contra o Japão, Neymar fez aos 3. No jogo seguinte, diante do México, o camisa 10 balançou a rede aos nove. E, na decisão, contra a Espanha, aos 2, com Fred. BERNARD LEVA PANCADA E DEIXA O TREINO Bernard machucado no treino da Seleção (Foto: Mowa Press) Bernard machucado no treino da Seleção (Foto: Mowa Press) Mas não demorou para os titulares balançarem a rede dos reservas. Aos 17 minutos, Hulk passou por Maxwell e cruzou para a finalização de Oscar: 1 a 0. O coletivo também foi marcado por divididas fortes: Fernandinho x Neymar, Hulk x Maxwell. A mais forte, entre Paulinho e Bernard, acabou tirando o atacante do Shakhtar Donetsk da atividade. Bernard nem voltou para o segundo tempo do coletivo. O jogador ficou em tratamento do lado de fora do gramado e foi atendido pelos médicos Rodrigo Lasmar e José Luís Runco. Neymar ainda marcou um golaço para os titulares na sequência da atividade. No fim da atividade, alguns jogadores treinaram cobranças de pênaltis e finalizações. O Brasil vai estrear na Copa do Mundo no dia 12 de junho, contra a Croácia, na Arena Corinthians, em São Paulo. Antes, porém, o time vai enfrentar o Panamá, na terça-feira, no Serra Dourada, em Goiânia, e, no dia 6, a Sérvia, no Morumbi, em São Paulo. Participam da cobertura Alexandre Lozetti, Christiane Mussi, Leandro Canônico, Marcelo Baltar, Márcio Iannacca, Martín Fernandez, Maurício Motta, Richard Souza e Thiago Correia
Bernard machucado no treino da Seleção (Foto: Mowa Press)
Fonte Globo Esporte.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O principal aeroporto corre contra o tempo para não passar vergonha

Vista geral do novo terminal do aeroporto de Guarulhos, no Brasil. / PAULO WHITAKER (REUTERS)
Enquanto a presidenta Dilma Rousseff inaugurava o Terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos nesta terça-feira, um casal de japoneses tentava obter informações sobre onde conseguir comprar um chip para celular que fizesse ligações internacionais. Depois de cinco chamadas e de dez minutos de espera, a atendente do balcão de informações finalmente disse a eles, em inglês, que o terminal novo ainda não tem postos de venda de empresas de telefonia. Apesar dessa anedota, que representa uma das dificuldades que muitos estrangeiros podem ter ao chegar ao Brasil, a principal dúvida dos passageiros era a mais simples de todas: “Onde eu faço o meu check in?”. Os painéis com as informações dos embarques e desembarques, que deveriam estar justo na entrada, ficaram ao fundo do novo terminal, próximos ao raio-X, quase imperceptíveis para quem entra no recinto. Ainda assim, o investimento de 2,2 bilhões de reais em uma obra que começou em outubro de 2012 teve bons resultados: irá receber 25% do fluxo atual dos outros terminais, com capacidade para 12 milhões de usuários por ano, algo já visível para quem estava embarcando hoje. “Passei pelo Terminal 1 e 2 e achei muito tumultuado, este (o novo Terminal 3) está bem mais organizado”, disse Wevila Leal, de 26 anos, que estava indo para a Alemanha. Existem muitas lojas e opções de alimentação na nova área. No local de embarque, até os assentos têm tomadas para carregar celulares e laptop. Já a conexão com a internet, tem suas queixas. “Deveriam liberar o wifi, não limitar a 30 minutos o acesso”, reclamou Diogo Álvares, que estava indo para Barcelona, onde mora atualmente. As opções de transporte até São Paulo são as mesmas que as dos outros terminais, ou seja, linha de ônibus privada até a Praça da República, táxis e os ônibus intermunicipais, que saem das estações de metrô Barra Funda, Tatuapé, República ou Tietê. Nesta terça-feira, entretanto, houve greve de motoristas de ônibus em São Paulo, o que colapsou o trânsito da cidade principalmente para quem tinha que se deslocar até o aeroporto, a 26 quilômetros de distância do centro. No caminho do terminal até a capital se veem algumas placas da Copa espalhadas discretamente, com indicações para a Arena Corinthians, o aeroporto de Congonhas, que faz voos domésticos, e o próprio aeroporto de Guarulhos. A marginal Tietê, primeira via de acesso para quem entra na cidade, luzia um asfalto novo, sem ondulações, com faixas e muretas recém pintadas de branco. “Nem parece a mesma, nunca vi a marginal tão lisa. Com quatro Copas dava para mudar São Paulo!”, disse o taxista Rodrigo Soares. Pelo menos até a Ponte da Vila Maria, na zona Norte, a marginal estava apresentável para o turista que visita pela primeira vez a cidade, já que era possível ver até jardins entre as pistas em alguns trechos do trajeto, intoxicado pelo cheiro desagradável do rio Tietê – que, evidentemente, não será possível maquiar. Mas, segundo a presidenta, os projetos de ampliação de 270 aeroportos em todo o país não são motivados pelo evento esportivo, ainda que em 2012 isso tenha sido anunciado pelo próprio Governo. Em seu discurso desta terça-feira, Rousseff explicou que “de 2003 para cá, o número de passageiros nos nossos aeroportos saltou de 33 milhões para 111 milhões ao ano”. Os aeroportos brasileiros das doze sedes da Copa estão correndo contra o tempo, assim como outras obras planejadas inicialmente para o Mundial, para oferecer a melhor estrutura possível para o maior evento do futebol mundial, ainda que o Governo tente tirar o peso da Copa nas pressões sobre o andamento das obras. A ampliação do Galeão, no Rio de Janeiro, também está atrasada, mas o Governo também nega que as obras sejam para a Copa.
Fonte: el pais

Joaquim Barbosa diz adeus ao “momento mais criativo da Corte”

Joaquim Barbosa. / ELZA FIÚZA (AGBR)
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, confirmou nesta tarde que deve se afastará da presidência e do cargo de ministro a partir de junho. A informação havia sido divulgada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, nesta manhã de quinta-feira. Na abertura da sessão de hoje, Barbosa avisou que tinha uma informação de ordem pessoal a trazer. “Eu decidi me afastar do Supremo no final do semestre, em junho”, afirmou o magistrado. “Tive a felicidade, a satisfação e alegria de passar e compor essa corte no que é talvez seu momento mais fecundo, de maior criatividade e de importância no cenário politico-institucional do país", completou. O ministro Marco Aurélio Mello, o ministro mais antigo presente na sessão, fez uma fala lembrando o processo do mensalão, maior julgamento da história do tribunal, que foi relatado por Barbosa.Pois são as manifestações posteriores a esse eventual retiro que dão o tom de quem é este personagem. “Já vai tarde”, escrevem alguns no Twitter, “Agora sim os ratos vão tomar conta do Supremo”, lamentaram outros. Amando ou odiando, ninguém no Brasil se tornou indiferente a Barbosa, depois do midiático julgamento do mensalão no ano passado, que ainda teve lances importantes neste ano. A saída antecipada – ele ocuparia o cargo, que assumiu em novembro de 2012, até novembro deste ano – já era dada como certa por ele mesmo, que tem hoje 59 anos. Mas, se confirmado o jubilo da vida pública, significa que ele abre mão de onze anos de carreira dentro do Supremo. Para alívio de alguns, ele não pode concorrer às eleições presidenciais deste ano, uma vez que numa aposentadoria voluntária, um integrante do STF fica inelegível por seis meses. Porém, seu apoio político abertamente vale moedas de ouro, pelo mito que se transformou para algumas pessoas. “Seu apoio não é decisivo para definir uma eleição, mas sem dúvida é importante”, diz o cientista político Murillo de Aragão. As especulações estão pelos nomes de Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB). Se tivesse saído há tempo de se candidatar– o dia 5 de abril era seu ‘deadline’ – iria embaralhar, sem dúvida, a disputa para os três presidenciáveis mais fortes até o momento. Numa simulação feita em fevereiro pelo instituto de pesquisa Datafolha, Barbosa alcançava 14% das intenções de votos caso fosse candidato, o que empurraria a eleição para o segundo turno. Essa possibilidade não era cogitada naquela época, quando a reeleição de Rousseff ainda parecia certa no primeiro turno. A mesma pesquisa, porém, mostrava uma rejeição crescente ao nome de Barbosa. Ao menos 27% das pessoas entrevistadas pelo Datafolha diziam que não votariam no presidente do Supremo de jeito nenhum. Em novembro, o mesmo levantamento mostrava uma rejeição de 22% ao seu nome. A condenação de 25 pessoas durante o processo do mensalão significou um regozijo para o Brasil, um país cuja Justiça costuma levar para a cadeia apenas os criminosos pobres e que garante aos empresários e políticos que podem pagar advogados inúmeros recursos que acabam atenuando suas penas. Numa tacada só um empresário – Marcos Valério – uma banqueira (Kátia Rabello) – e diversas lideranças políticas, como José Dirceu e José Genoino, foram para trás das grades. Mas, ao mesmo tempo, despertou revolta e questionamentos no meio jurídico e entre os aliados do Partido dos Trabalhadores (PT), principal vítima do julgamento do Supremo. Barbosa foi tão aguerrido para conseguir o intento de mudar a história, e a jurisprudência brasileira, que ultrapassou alguns limites, na opinião de alguns. “Ele faz um jogo moralista e trabalhou de maneira midiática”, diz uma especialista. A transmissão ao vivo das sessões dos tribunais foi acompanhada massivamente pela mídia, que tentava resumir os longos discursos dos 11 ministros para legitimar seus votos a favor ou contra cada crime pelo qual estavam sendo julgados os réus. A veemência de Barbosa o colocava em destaque. Os mais recentes embates públicos do presidente do Supremo reforçavam os defensores da tese de perseguição da sua parte contra os réus petistas. Dirceu tentava usufruir do direito a trabalhar durante o dia pois foi condenado a regime semi-aberto, e Genoino solicitou prisão domiciliar devido a seu estado de saúde. Os dois pedidos foram negados. Suas decisões despertaram a ira desmedida, a ponto de o presidente, o primeiro negro a ocupar o papel de ministro da Corte, ter recebido ameaças de mortes de alguns mais exaltados. Segundo informações da revista Veja, um integrante do Partido dos Trabalhadores escreveu no seu perfil no Facebook que “Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano, mas de um monstro”. A Polícia Federal estaria investigando essas e outras ameaças do gênero nas redes sociais contra o magistrado. Barbosa, porém, personificou um gestor público sonhado por grande parte do Brasil, alguém que exponha explicitamente sua ira contra os repetidos abusos e distorções no país. "As pessoas são tratadas de forma diferente de acordo com seu status, sua cor de pele e o dinheiro que tem. Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade", disse Barbosa, no ano passado, durante encontro na Costa Rica, segundo informações da Agência Brasil. Controverso, reclamava da exclusividade das atenções para o mensalão petista. “A imprensa nunca deu bola para o mensalão mineiro”, disse ele para uma entrevista à Folha de S. Paulo em 2012, referindo-se ao processo que corria contra o ex-deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, que teria financiado sua candidatura com verbas públicas desviadas em 1998. No final de março deste ano, o Supremo tinha de decidir se o caso deveria ser julgado pela própria Corte Máxima, ou se deveria seguir todo o ritual processual, partindo de uma primeira instância na justiça comum, em Minas Gerais. Todos os ministros votaram a favor da primeira instância, algo que favorece o réu, uma vez que conta com os demorados julgamentos a cada etapa, até chegar ao Supremo. Só Barbosa foi contra.
Fonte: el pais

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A pobreza extrema e a inflação disparam no primeiro ano de Maduro no poder

Nicolás Maduro em um programa de rádio. / EFE
O primeiro ano de Nicolás Maduro à frente do Governo venezuelano, completado em 19 de abril passado, acumula dados que não dão motivos para o chavismo se orgulhar: uma inflação anualizada de 56,2% -a mais alta de toda a era bolivariana-, o contínuo aumento na taxa de homicídios, ou o índice de escassez de 25,3% (que reflete o desabastecimento de todos os produtos ofertados no país). No fim de semana outro indicador se somou a essa série de adversidades. O Instituto Nacional de Estatística (INE) venezuelano revelou que o índice de pobreza extrema passou de 7,1% no segundo semestre de 2012 para 9,8% no mesmo período de 2013. Isso quer dizer que 737.364 cidadãos se juntaram ao grupo daqueles que vivem na extrema pobreza; estes são agora 2.791.292, em uma população que mal supera o patamar de 30 milhões de habitantes. O chavismo fazia autopromoção com a diminuição desses indicadores durante a última década. Alentados por uma expansão dos gastos públicos e um aumento da receita petroleira, muitos lares deixaram a pobreza extrema. De acordo com o Censo de 2001, 11,36% das famílias venezuelanas se encaixavam dentro desse indicador. Dez anos, depois o levantamento revelou que 6,97% dos lares pertencia a esse grupo. Foi um ganho que a máquina oficial de propaganda se encarregou de promover em todo o mundo, apesar das críticas da oposição, que denunciava a mudança de método para se calcular a pobreza. Tudo indica que a crise econômica tem pesado entre aqueles que menos têm. A inflação, que no ano passado fechou em 56,2%, foi bem mais elevada em 2013 se só for levada em conta a categoria alimentos (73,8%). O INE afirma ainda que o número de domicílios em extrema pobreza aumentou de 6% para 8,8% em um ano, o que significa que 189.086 famílias carecem mais dos recursos suficientes para adquirir a cesta básica. Para junho de 2013, esse indicador superava a barreira dos dois dígitos, ao se localizar em 11,8%, um patamar que não era atingido desde o primeiro semestre de 2006. O aumento da pobreza extrema é talvez a prova mais evidente dos problemas que o Governo enfrenta para manter o modelo econômico de Hugo Chávez. Um total de 96 de cada 100 dólares que entra nos cofres nacionais das exportações vem do petróleo. As exportações de outros produtos além do petróleo quase desapareceram e a atividade econômica privada caiu ao menor nível como consequência do duro controle cambial imposto pelo Governo há 11 anos. Além disso, a produção de petróleo não conseguiu aumentar de acordo com os planos que a companhia Petróleos de Venezuela tinha e a grande quantidade de subsídios na economia. O governo se recusa a tornar transparentes os preços dos combustíveis que custam 12 bilhões de dólares (26,8 bilhões de reais) por ano. Também vende petróleo em condições preferenciais para os países do Caribe e paga com óleo os empréstimos concedidos pela China para a execução de grandes obras de infraestrutura. Tudo isso deixa o Executivo quase que nocauteado, sem fluxo de caixa para substituir com importações o que o setor privado não produz devido à falta de incentivos. Em um contexto de tamanha falta de oferta, os preços dos alimentos subiram muito. As críticas surgiram de imediato. O ex-candidato presidencial e governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, usou a sua conta no Twitter para se referir aos dados publicados pelo INE, que apenas foram revelados por uma reportagem do jornal local El Universal na sua edição de sábado. “Foram aprovados 20 bilhões de dólares (44,7 bilhões de reais) através do Cadivi (um escritório estatal que era responsável por aprovar pedidos de divisas a empresas e pessoas físicas) que nunca entraram no país. Onde está o montante que roubaram?”, se perguntou. Ele acrescentou que o desfalque à nação representa “95% das reservas internacionais”. A Provea, uma organização que defende os direitos humanos, exigiu uma explicação do Governo, que constantemente reivindica seu caráter popular com a criação de programas sociais chamados Missões. “A desvalorização da moeda em fevereiro de 2013 (de 4,30 bolívares a 6,30 bolívares por dólar, ou de 1,53 reais a 2,24 reais por dólar), a interrupção no fornecimento de serviços básicos e de escassez de alimentos e produtos de uso pessoal, entre outros, influenciam sem dúvida o aumento da pobreza no país, o que foi refletido no relatório apresentado pelo INE”, disseram em um comunicado à imprensa. A organização solicitou que a Assembleia Nacional interpele o vice-presidente para a Área Social, Héctor Rodríguez, e solicite ao chefe de Estado uma explicação. No seu programa semanal, Maduro não fez uma menção direta a esses resultados. Em linhas gerais, ele voltou a denunciar que o seu Governo enfrenta uma conspiração, uma guerra econômica que impede que se aumente a oferta de alimentos, e anunciou o lançamento de um novo programa – A Grande Missão Lares da Pátria – para “proteger mães e crianças pequenas”. Trata-se da fusão de várias missões para fortalecer a assistência social, que vive o seu pior momento em muitos anos.

Índios, professores, rodoviários e médicos. Mais um dia de protestos

Policias em confronto com os índios nesta terça-feira. / J. ALVES (REUTERS)
Algumas cidades brasileiras foram palco, mais uma vez, de manifestações nesta terça-feira. Tendo a Copa do Mundo como alvo principal, manifestantes de diferentes categorias – de indígenas a rodoviários – foram às ruas reivindicar suas causas e criticar a realização do Mundial no Brasil. Em Brasília, 2.500 pessoas, segundo a Polícia Militar, entre índios de diversas etnias, trabalhadores sem teto e movimentos sociais contrários à realização da Copa do Mundo, foram para as ruas com uma lista de reivindicações. Entre elas: a retomada de demarcações de terras indígenas, moradia para as pessoas que foram removidas das áreas de construção dos estádios, revogação da lei que concede isenção fiscal à FIFA e suas parceiras comerciais, desmilitarização da polícia e fim da repressão aos movimentos sociais, entre outras causas. Os indígenas foram até Brasília para participar da Mobilização Nacional Indígena, que se estende até esta quinta-feira 29. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), os índios se juntaram aos manifestantes por “considerarem que esta é uma causa de todos os brasileiros”, segundo informava o site da entidade. A concentração ocorreu na Rodoviária Plano Piloto e de lá os manifestantes marcharam na direção do Estádio Nacional de Brasília, um dos estádios que receberão os jogos e onde estava a Taça da Copa em exposição. Por medidas de segurança, a Taça foi retirada do local. No caminho, houve confronto com a polícia, que usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os participantes do ato. Segundo a Polícia Militar, 700 PMs estavam presentes. Os índios tentaram se defender usando arco e flecha e, segundo a PM, um policial foi atingido por uma flecha e ficou levemente ferido. Por outro lado, de acordo com a Apib, seis lideranças indígenas foram atingidas por balas de borracha, entre eles uma mulher do povo Pankararu. Um fotógrafo da agência Reuters sofreu ferimento na perna por resquícios de uma bomba de efeito moral e um padre que acompanhava o povo Xerente foi atingido na mão por uma bala de borracha, segundo informações da Apib. Ainda segundo a entidade, uma pessoa foi presa. Embora a Copa do Mundo tenha virado a razão para diversas categorias se colocarem nas ruas, alguns setores da sociedade têm, todos os anos, um calendário de mobilização, tenha Copa ou não. A Mobilização Nacional Indígena, por exemplo, é um movimento anual de reivindicação dos direitos indígenas. Todos os anos índios de diferentes etnias vão a Brasília reivindicar suas causas. As greves de categorias como a dos professores e servidores públicos são comumente repetidas nos períodos próximos à negociação do dissídio e, mais ainda, em ano eleitoral. Professores Em São Paulo, os professores e gestores da rede municipal de educação seguem em greve há 35 dias e, nesta terça-feira, também foram às ruas. Os manifestantes partiram do MASP no início da tarde, fecharam parte da Avenida Paulista e seguiram em direção ao Viaduto do Chá, em frente à sede da Prefeitura. No total, segundo a Polícia Militar, 2.300 pessoas participaram das manifestações. Os profissionais reivindicam a incorporação imediata do aumento salarial de 15,38% anunciado pela Prefeitura que, por sua vez, afirma que só poderá conceder a incorporação a partir do ano que vem. Além dos profissionais da rede municipal, professores, funcionários e estudantes das três universidades paulistas – USP, Unicamp e Unesp - decretaram greve nesta terça-feira. A razão da paralisação foi porque o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) propôs não reajustar os salários dos servidores devido ao comprometimento do orçamento das entidades com a folha de pagamento: 105% do orçamento da USP, 97% da Unicamp e 95% do orçamento da Unesp são engolidos pelos salários. Rodoviários No Rio de Janeiro, os trabalhadores do setor rodoviário (motoristas e cobradores de ônibus) decidiram entrar em greve de 24 horas a partir da meia-noite desta terça. Uma nova assembleia deve ser realizada na sexta-feira 30 para decidir o próximo passo. A assembleia foi realizada depois de uma passeata que fechou a pista central da Avenida Presidente Vargas. Depois, o grupo marchou rumo à Central do Brasil. Médicos Em Belo Horizonte, os médicos da rede municipal decidiram fazer uma paralisação de 48 horas em todos os centros de saúde a partir desta terça-feira. Em três semanas, essa é a terceira paralisação da categoria na capital mineira. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais, os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Troféu se despede da capital federal nesta quarta (28) e vai para São Paulo, última parada do tour

Bebeto, atacante no Mundial de 1994, repete sua consagrada comemoração (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
A turnê da Taça da Copa do Mundo está chegando ao fim. Após passar por 88 países e rodar mais de 150 mil quilômetros, o troféu chegou, nesta terça-feira (27), em Brasília, penúltimo destino antes do início do Mundial, no dia 12 de junho. >> Mais notícias de Copa do Mundo No Brasil desde o dia 22 de abril, o troféu já passou por 25 capitais e, depois de Brasília, aterrissará em São Paulo para as últimas visitas do público. A cada nova cidade, um ex-campeão mundial é convidado a participar da cerimônia de abertura do evento. No início da tour brasileira, as honras ficaram com o capitão do tri, Carlos Alberto Torres. Dessa vez, na capital federal, a taça foi erguida e beijada pelo atacante tetracampeão em 1994, Bebeto. “É uma emoção muito grande estar ao lado da taça, que é tão sonhada por todos nós. Graças a Deus, tive a felicidade de levantá-la. É sempre um prazer estar perto. Todo jogador quando começa a jogar futebol tem esse sonho”, afirmou Bebeto. Durante o evento, o campeão brincou com a taça, embalando-a como se fosse um bebê, em referência à comemoração imortalizada no gol diante da Holanda, nas quartas-de-final do Mundial de 1994. Também esteve presente o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que comentou a importância do Brasil ser, em 2014, a casa do esporte “mais popular, universal e mais admirado do planeta”. “A Copa não é apenas uma festa do esporte, mas uma grande oportunidade para o país que a acolhe. São novos empregos, a projeção da imagem, com milhões de pessoas com os olhos voltados para o Brasil. Tenho a convicção e segurança de que o Brasil oferecerá ao mundo o que há de melhor”, afirmou o ministro. A taça ficará exposta até quarta-feira (28), no Estádio Nacional Mané Garrincha. O troféu chega a São Paulo no dia 29 e fica exposto até 1º junho, no Shopping Itaquera. O horário de visita, em ambas as cidades, é das 9h às 21h.
Fonte:
REDAÇÃO ÉPOCA COM AGÊNCIA BRASIL

Eva Perón, a verdadeira história de Evita (Legendado)

Eva Perón 
María Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, (província de Buenos Aires, 7 de Maio de 1919 — Buenos Aires, 26 de Julho de 1952) foi uma atriz e líder política argentina. Tornou-se primeira-dama da Argentina quando o general Juan Domingo Perón foi eleito presidente. Existem dúvidas sobre o local de nascimento de Eva. No registro de nascimento consta ter sido na cidade de Junín na província de Buenos Aires. Todavia, existem indícios de que na realidade nasceu em uma estância, sessenta quilômetros ao sul de Junín, próximo ao povoado de Los Toldos (no município de General Viamonte). A infância em Los Toldos e depois em Junin foi pobre. A mãe, Juana Ibarguren, era uma costureira obsessiva com limpeza, extremamente organizada e amante do estancieiro Juan Duarte, que tinha outra família, legítima, em Chivilcoy, com outros 6 filhos. Depois da morte de Juan em um acidente de automóvel, Juana mudou-se com os filhos, todos dele, para Junin, para fugir das humilhações da condição de amante. O estancieiro registrou todos os filhos bastardos que teve com a costureira. Curiosamente não registrou Eva e muitos historiadores relacionam este fato, tido como uma frustração para Evita, aos condicionantes psicológicos que a levariam a buscar afirmação e sucesso na vida. Talvez por isto, já no poder, foi marcante o traço de valorização dos laços familiares dos pobres argentinos. Quando Juan Duarte morreu, Juana e os filhos com ele, Eva, Juancito, Elisa, Blanca e Erminda, todos ainda muito pequenos, saíram da zona rural onde moravam para visitar o pai morto e dar-lhe o último beijo. Foram escorraçados do velório pela viúva e pelos filhos legítimos dele. Juana bateu o pé e insistiu que os filhos tinham o direito de beijar o pai morto. Depois de negociações e para evitar bate-boca numa cerimónia fúnebre, foi-lhes permitido que o fizessem, na condição de em seguida sumirem dali. E foi o que fizeram. Depois disso Juana partiu e se mudou com os filhos com Juan para Junin, na província de Buenos Aires. Nessa época Eva, como toda adolescente provinciana, sonhava em ser artista, ser uma estrela do teatro, do cinema. Eva tinha verdadeira paixão pela atriz norte-americana Norma Shearer, o modelo de mulher e de artista desde a infância. Assistia dezenas de vezes os filmes no cineminha de Junin e jurava para si mesma que ainda teria uma casa com telefones brancos e lençóis de cetim, como Norma nos filmes, sem se permitir, é claro, um mínimo de visão crítica que lhe desse conta de que aquilo tudo era apenas de celulóide e nada mais. Saía das sessões com as as mãos suadas e com os olhos revirados. Mas foi imbuída desta vontade de vencer, de ser Norma, de rolar com meias longas de seda com costura atrás, cabelos louros cacheados, sobre altos colchões de mola e lençóis de cetim rosa e principalmente de ter uma identidade que a bastardia lhe roubou, que a estimulou a deixar Junin e partir para tentar a carreira de atriz em Buenos Aires. Adolescência
 "Só me casarei com um príncipe ou um presidente", dizia Maria Eva Duarte quando vivia em Los Toldos, sua cidade natal no meio do pampa. Desprezada por todos como filha ilegítima, a criança almejava um futuro radiante como ouvia nas novelas de rádio, lia nas revistas de cinema e via nos filmes de Hollywood. O pai, don Juan Duarte, proprietário de terras, havia literalmente comprado sua mãe, a bela Juana Ibarguren, em troca de um jumento e uma carroça. Da união nasceram quatro meninas e um menino. Evita, a caçula, em 7 de maio de 1919. Ela mal conheceu o pai, que em seguida regressou ao católico lar onde o esperavam a esposa e filhos legítimos. Dona Juana enfrentou sozinha as vicissitudes e, quando a caçula Evita estava com onze anos, mudou-se com os filhos para Junín, uma vila na mesma província de Buenos Aires. O preconceito, porém, era igual. Os colegas de escola, por exemplo, não tinham permissão de cortejar Evita, em razão da origem. Não obstante, suas três irmãs mais velhas progrediram socialmente. Encontraram trabalho e fizeram bons casamentos.Restaram os rebeldes: Juancito e Eva, a sonhadora decidida a tentar a vida no mundo do espetáculo . Humilhações demais lhe renderam um caráter duplamente genioso e uma vontade indomável. Aos 15 anos, em um dia 2 de janeiro de 1935, ela partiu para a capital, Buenos Aires. Apelidada de "Paris da América do Sul", a cidade fora arruinada pela crise mundial de 1929-30 e dependia das exportações de carne e de trigo, Eva, pálida e morena, batia incansavelmente às portas dos teatros. Seu único trunfo, a obstinação. Fora a teimosia que se tornou lendária, ela não tinha grande coisa a oferecer. Sem real talento artístico nem extraordinária beleza, ela era ignorante, arredia. Às humilhações vividas, somaram-se outras. Histórias bastante banais: diretores que exerciam a sedução, amantes de algumas horas. À mãe e às irmãs, que lhe suplicavam a volta para Junín, respondia sempre: "Primeiro, a celebridade".5 Em janeiro de 1935, com apenas quinze anos de idade e acompanhada de Agustín Magaldi, cantor de tangos e amigo da família, considerado o Gardel do interior argentino, Eva partiu para a capital com uma malinha contendo suas poucas roupas, talvez apenas com um vestido "de sair" e mais uns trapinhos cuidadosamente lavados e engomados por Dona Juana. Com dezesseis anos, decidiu seguir a carreira artística em Buenos Aires. Em 1937 estreou no cinema no filme Segundos Afuera e, em seguida, foi contratada para fazer radionovelas. 
Casamento
 Eva e Juan Perón se casaram em 22 de outubro de 1945 Em 1944 conheceu Juan Domingo Perón, então vice-presidente da Argentina e ministro do Trabalho e da Guerra. No ano seguinte, Perón foi preso por militares descontentes com sua política, voltada para a obtenção de benefícios para os trabalhadores. Evita, então apenas a atriz Eva Duarte, organizou comícios populares que forçaram as autoridades a libertá-lo. Pouco depois se casou com Perón, que se elegeu presidente em 1946. Famosa por sua elegância e seu carisma, Evita conquista para o peronismo o apoio da população pobre, na maioria migrantes de origem rural a quem ela chamava de "descamisados". "Ligando a figura mundialmente conhecida, de “Evita”, uma glória ‘hollywoodiana’ de proporções desmedidas, com a moça simples, a criança ultrajada, podemos chegar à conclusão de que Eva foi, possivelmente, uma personalidade dividida. De um lado, repleto de altruísmo e generosidade, há a moça simples, ‘revoltada com a injustiça’, de outro, no entanto, a mulher seduzida pelo poder. No âmago de suas preocupações sociais mais profundas, como o salário e as seguranças empregatícias para a dona de casa, encontra-se uma infância pobre e uma mãe humilhada pelas circunstâncias. Promovida pelo peronismo, e sendo principal fator de legitimação deste, a figura de Eva irá se confundir com a de uma grande estadista. Eva torna-se mais importante do que a própria imagem da Argentina real, uma vez que esta imagem é representada revestida de um aparato e de uma glória que não correspondem à realidade social da época."
Carreira política Evita discursando. O mais impressionante na história da vida de Eva foi o caminho meteórico que ela percorreu na vida pública. Entre a total obscuridade ao mais absoluto resplendor pessoal e político da vida e em seguida a morte, tudo ocorreu em apenas 7 anos. Nesse curto período ela saiu do anonimato para se tornar uma das mulheres mais importantes e poderosas do mundo. Na breve existência (morreu aos 33 anos de idade) há muitos mistérios, muitos fatos obscuros mas há principalmente uma personalidade tragicamente marcante. "Figura chave de um regime ancorado no paternalismo e na demagogia, Evita resiste, no entanto, como uma imagem ao mesmo tempo alheia e superior ao mesmo. Mais do que uma estadista, mais do que um pivô ou um esteio sobre o qual o governo de Perón se apóia, Evita ganha voz própria porque ela encarnou em si uma série de ambições e de pretensões sociais. Sua transcendência está consubstanciada na sua fantástica ascensão sócio-política. Uma bela mulher, que venceu na vida através dos mecanismos próprios a uma mulher, só poderia espelhar um sistema de poder centrado na sedução. É só através da sedução coletiva das massas, e do fascínio, da ascese que esta sedução acarreta, que pode firmar-se um regime deste tipo." Em Buenos Aires foi morar com Juancito, seu irmão que servia o exército na Capital e já trabalhava como vendedor numa fábrica de sabão. Levavam uma vida difícil, simples, entre as obrigações da sobrevivência e fins de semana em botecos. Quando sobravam uns trocados desfrutavam o prazer de um puchero regado a cerveja Quilmes com os amigos da cidade grande . Eva passava o dia a procura de trabalho em rádios, revistas e, principalmente, tentando cavar uma chance de trabalhar no teatro e no cinema. Depois de passar fome, se submeter aos assédios de canastrões e cafajestes e suarentos do mundo artístico que lhe prometiam chances condicionadas a algumas horas nas camas vagabundas de pensões portenhas, Eva acabou por ter a primeira chance concreta no cinema, no filme Segundos Afuera1 . Nesse filme, no qual teve um papelzinho secundário e obtido graças à intervenção de Emilio Kartulowicz, dono da revista Sintonía ela teve chance de mostrar ao mundo artístico argentino a total falta de talento para a carreira de atriz. Mas como o destino sempre se impõe, foi na relação com este mundo que ela teve a grande chance: conhecer um coronel chamado Juan, o mesmo nome de seu pai, de seu irmão, da mãe, da sogra, da parteira e e da cidade que motivou o encontro do casal: San Juan. Era o Coronel Juan Domingo Perón. San Juan havia sido atingida por um terrível terremoto . Evita e Perón. O Coronel Perón, vice-presidente da República e Ministro da Guerra e Chefe da Secretaria de Trabalho e Previdência, organizou, no ginásio do Luna Park, em Buenos Aires, um evento artístico para angariar fundos para as vítimas do terremoto1 . Eva, que nessa época já tinha um programa de rádio onde declamava versos, participava de rádio-novelas e falava sobre a biografia de mulheres famosas, foi ao evento acompanhada de uma amiga com quem dividia um quarto de pensão. No evento Eva se aproveitou de um ligeiro descuido de uma outra atriz principiante que se sentava ao lado do Coronel na primeira fila de cadeiras. Ela precisou se levantar e Eva sentou-se nesta poltrona, ao lado do vice-presidente. Encantada e embevecida por ter ao seu lado aquele homem de 1,90 de altura, porte atlético, sorriso irresistível e envergando um uniforme militar branco impecavelmente passado, ficou com as mãos suando, trêmula, mas segura o bastante para dizer a ele a frase que provavelmente tenha servido para mudar a história da Argentina pelos futuros 40 anos:"-Coronel, obrigada por existir." Era 22 de janeiro de 1944.8 O escritor argentino Tomás Eloy Martínez, autor de Santa Evita (1995) garante que a frase "Voltarei e serei milhões", atribuída a Evita e inscrita em bronze em seu túmulo, nunca foi pronunciada. Embora defenda esse ponto de vista, o escritor acha que isso pouco importa pois escrever a História difere pouco de inventar história e que a realidade e a ficção, principalmente na América Latina, se confundem. Em 1945, durante a festa de comemoração de seus 50 anos, Perón, em companhia de Eva, Juancito, Domingo Mercante além de alguns poucos casais e amigos ouviu soar a campainha da porta de entrada de seu apartamento. Já sem gravata e em mangas de camisa branca o coronel foi atender a porta. Nesse momento o apartamento foi invadido pelo Cel Ávalos que, em marcha, informou ao aniversariante, fria e formalmente, que não havia mais como o exército dar-lhe apoio político e que a indicação do amigo Nicolini para os Correios fora a gota dágua. No bolso da camisa branca de Perón, que tinha as mangas arregaçadas até o cotovelo, se via o alfinete da caneta de pena de ouro há pouco recebida como presente de aniversário de Juan Ramón Duarte, o Juancito. Depois da saída do coronel Ávalos, Perón disse a Juan, com um sorriso enigmático: "Parece que seu presente veio em boa hora. Pelo jeito vou precisar usá-la para assinar minha renúncia." Embora Juancito não conseguisse naquele momento entender como poderia alguém dizer uma frase dessas com um sorriso nos lábios, seu sangue gelou e sentiu que iria desmaiar. Juancito ainda não havia descoberto como decifrar essa carta enigmática, a juntar as peças desse quebra-cabeças que atendia pelo nome de Juan Domingo Perón. Evita trabalhando em sua fundação. Poucos dias depois Perón foi preso por ordem de Edelmiro Farrel, então presidente provisório da República. A revolta popular foi incontrolável e o presidente viu-se com uma batata quente nas mãos. Fraco e adoentado, Farrel, vendo a temperatura política subir rapidamente resolveu trasladar Perón da prisão para o hospital militar em Buenos Aires onde ficou custodiado. Dali Perón negociou e impôs condições para a própria libertação. Político habilíssimo usou a prisão como fórmula de vitimização e de mobilização popular a seu favor. Eva, desesperada, mergulhou de cabeça numa campanha furiosa, desenfreada e descabelada pela libertação de Perón. Dois dias depois e onze dias após a prisão, era possível ver de novo, na sacada do Palácio do Governo um vulto acenando para a multidão de dezenas de milhares de simpatizantes, sorriso nos lábios, os dois braços ao alto. Era Perón. Perón, um homem das planícies da Patagônia, um solitário que nunca deixava saber exatamente o que sentia, tinha uma personalidade peculiar e ambígua. Era uma pessoa externamente e outra, que nem ele conhecia bem, internamente. Sempre sorria, conquistava pelo sorriso, mas o que lhe marcava a complexa e ao mesmo tempo tôsca personalidade era o olhar, o olhar do caçador de guanacos. Animal típico da Patagônia, o guanaco exigia de seu caçador extrema habilidade em dissimular. Para fugir da cusparada venenosa o caçador precisava distrair o animal, fazer algum gesto ou movimento para desviar seu olhar. Só assim seria possível abatê-lo. Como hábil caçador de guanacos, o coronel Perón ouviu a declaração encantada de Eva no Luna Park. Só não sabia que também ela era uma caçadora proverbial de guanacos e naquele momento pactuou-se ali uma sociedade de ideias e interesses que os levou aos limites do poder, da glória, da riqueza e por fim, da ruína, da desmoralização mas jamais do esquecimento e da indiferença. Os nomes de Eva Perón, a Evita, e Juan Domingo Perón impregnaram-se de forma definitiva no imaginário do povo argentino, como ocorre com nossas imagos mais primitivas, lembranças arquetípicas indeléveis como os registros do DNA em nossas células. 2 milhões de pessoas assistiram à cerimónia de apresentação da fórmula falhou Juan Perón, Eva Peron. “Mas nem Mussolini nem Hitler levaram a sua loucura auto-induzida ao ponto de tentarem publicamente usurpar o lugar de Deus. Perón tentou.(...)Foi nesse ponto que começou a divinização de Perón. Evita deu o tom: ‘Só há um Perón...Ele é um Deus para nós...Nosso sol, nosso ar, nossa vida.’ Um ministro de governo equiparou Perón a Cristo, Maomé e Buda, como fundador de uma grande doutrina religiosa! A máquina de propaganda começou a espalhar folhetos e alusões dessa espécie. Ao mesmo tempo, empreendia-se uma campanha para canonizar Evita. Em outubro de 1951, ela foi apresentada a uma multidão peronista como ‘Nossa Senhora da Esperança’ e o próprio Perón rematou a reunião, proclamando um novo feriado, o ‘Dia de Santa Evita’. Depois da morte de Evita, em 1952, a neurose deliberada se agravou. Um porta-voz peronista, falando da sacada do palácio do governo, dirigiu-se a ela como ‘mãe nossa que estais no céu’. Exibiu-se um filme intitulado Evita imortal e a revista Mundo Peronista divulgou na capa uma Evita santificada, a quem não faltava a auréola.” Por causa da personalidade arrebatada e por ser uma defensora incansável dos pobres, miseráveis e explorados Eva muitas vezes foi confundida como sendo uma militante de esquerda , embora nunca o tenha sido. Ela rejeitava ferrenhamente este rótulo, tendo inclusive muitas vezes se indisposto com os comunistas ortodoxos da Argentina, que viam na ação assistencialista até mesmo um fator de atraso nas conquistas da classe operária. O voto feminino, por exemplo, reivindicação histórica das mulheres comunistas argentinas, foi implantado por um golpe de voluntarismo de Evita. Isso irritou profundamente a militância comunista, como Julieta Lanteri, Carolina Musill, Victoria Ocampo, Alicia Moreau, que defendiam a tese de que a conquista deveria ser historicamente conduzida.Quando a lei do voto feminino foi sancionada por Perón elas disseram: "agora não queremos mais votar". Evita
 Evita em sua nomeação como vice-presidente da Argentina. Em determinado momento, fruto de criação da atriz Eva Duarte, surgiu a personagem "Evita". A própria Eva tinha consciência da existência autônoma de sua personagem, que ela transformou quase numa segunda personalidade. Assim Eva Péron se refere a Evita:  Quando escolhi ser "Evita" sei que escolhi o caminho do meu povo. Agora, a quatro anos daquela eleição, fica fácil demonstrar que efetivamente foi assim. Ninguém senão o povo me chama de "Evita"8 . Somente aprenderam a me chamar assim os "descamisados". Os homens do governo, os dirigentes políticos, os embaixadores, os homens de empresa, profissionais, intelectuais, etc., que me visitam costumam me chamar de "Senhora"; e alguns inclusive me chamam publicamente de "Excelentíssima ou Digníssima Senhora" e ainda, às vezes, "Senhora Presidenta". Eles não vêem em mim mais do que a Eva Perón. Os descamisados, no entanto, só me conhecem como "Evita". Eu me apresentei assim pra eles, por outra parte, no dia em que saí ao encontro dos humildes da minha terra dizendo-lhes que preferia ser a "Evita" a ser a esposa do Presidente se esse "Evita" servia para mitigar alguma dor ou enxugar uma lágrima. E, coisa estranha, se os homens do governo, os dirigentes, os políticos, os embaixadores, os que me chamam de "Senhora" me chamassem de "Evita" eu acharia talvez tão estranho e fora de lugar como que se um garoto, um operário ou uma pessoa humilde do povo me chamasse de "Senhora". Mas creio que eles próprios achariam ainda mais estranho e ineficaz. Agora se me perguntassem o que é que eu prefiro, minha resposta não demoraria em sair de mim: gosto mais do meu nome de povo. Quando um garoto me chama de "Evita" me sinto mãe de todos os garotos e de todos os fracos e humildes da minha terra. Quando um operário me chama de "Evita" me sinto com orgulho "companheira" de todos os homens. As divergências ideológicas não impediram, depois da sua morte, que as bandeiras que ela defendia de ódio aos ricos e poderosos, que ela chamava de oligarcas e da mais absoluta e intransigente defesa dos pobres e oprimidos fossem violentamente disputadas pela direita, pelo centro e até pela extrema esquerda, personificada no grupo guerrilheiro Tupamaro. No entanto, para esses pobres que ela carinhosamente chamava de grasitas, Evita nunca foi uma líder ideológica. Para eles ela era muito mais. Era mais que a mulher do grande Perón, mais que uma benfeitora, mas a líder espiritual da nação argentina, quase uma santa. Essa ambiguidade conceitual foi sabiamente usada por todas as correntes ideológicas argentinas que usaram o justicialismo peronista para chegar ou tentar chegar ao poder depois da chamada Revolução Libertadora, o golpe de Estado que depôs Perón em 1955. 
Morte
Múmia de Eva Péron Às 20h e 25min de 26 de julho de 1952, morre aos 33 anos, de câncer de útero. Embalsamado, seu corpo ficou exposto à visitação pública até que, durante o golpe de Estado que derrubou Perón em 1955, seu cadáver foi roubado e enterrado no Cemitério Monumental de Milão, Itália. Dezesseis anos mais tarde, em 1971, o corpo foi exumado e transladado para a Espanha. Ali foi entregue ao ex-presidente Perón, que vivia exilado em Madri. O médico argentino que embalsamou Evita revelou que fora um trabalho perfeito, uma vez que, Evita parecia "uma boneca" devido a sua baixa estatura, pele alva e vestido de cetim branco. Após a vinda do esquife da Espanha numa caixa de vidro...Evita parecia adormecida. "Evita havia se diluído, estava em todos os lugares! A sua identificação à sua pátria fora tão completa e consumada que agora, morta enquanto integridade física coesa, ela vivia, enquanto mito, em todos os recantos da Argentina."7 Perón voltou à Argentina em 1973 e foi reeleito presidente, tendo a terceira mulher, Isabelita Perón, como vice. Após sua morte, em 1974, Isabelita Perón trouxe o corpo de Evita para a Argentina onde foi exposto novamente por um breve período. Foi então enterrada novamente no mausoléu da família Duarte no cemitério da Recoleta, na cidade de Buenos Aires. Posteridade Para muitos, Eva Perón foi, na verdade, a única voz retumbante no coração do povo pobre e trabalhador da Argentina; foi, para os miseráveis, a única referência confiável e capaz de unir, se quisesse, com um gesto apenas, todas as vontades em uma só, todas as vozes em uma só, a voz do povo explorado e expoliado pela classe rica e insensível às suas necessidades mais elementares. Para esses adoradores, este milagre, só Evita conseguiu operar. Depois de transformar Jesus Cristo em "Superstar" do rock, num musical que faz sucesso em todo mundo, a dupla Andrew Lloyd Webber (música) e Tim Rice (libreto) revisitou o maior mito da Argentina - Maria Eva Duarte de Peron (1919-1952), para a opera-rock Evita: "Foi como alegoria gloriosa da Argentina, através de um especial da BBC inglesa, que dois jovens, Tim Rice e Andrew Lloyd, conheceram Evita. Em meados da década de 1970, mais de 20 anos após a sua morte, Eva Perón ainda era o símbolo máximo da Argentina. Ao mesmo tempo intrigados e fascinados, movidos pelo carisma daquela mulher, realizaram a ópera-rock mais exuberante que já foi escrita. Supera todas as suas similares em brilho, fascínio, luxo...É a eloqüente ressurreição de uma figura fascinante. Através desta ópera – a mais consagrada da segunda metade do século XX – Evita continua viva em todos os palcos do mundo. Ela tornou-se uma figura ainda mais conhecida e comentada. Ela é hoje não apenas parte da história e da cultura portenha, como também do cenário cultural mundial."7 Na atualidade, mais de 50 anos após sua morte, Maria Eva Duarte de Péron está mais viva do que nunca, e continua a engendrar polêmicas, mesmo no meio acadêmico: "Um dos principais sociólogos da Argentina, Juan José Sebreli, publicou recentemente “Cômicos e Mártires – Ensaio contra os mitos”, livro que desatou intensa polêmica, já que nele ousa intrometer-se com os maiores – e intocáveis – mitos da História argentina. O livro – que na Espanha recebeu o prêmio Casamérica – analisa o fenômeno dos mitos do ex-astro do futebol Diego Armando Maradona; o cantor de tangos Carlos Gardel;o líder guerrilheiro Ernesto ‘Che’ Guevara, e a “Mãe dos pobres”, Evita Perón. “Evita exaltou, de forma significativa, a subordinação da mulher ao homem”, disparou Sebreli, enquanto bebia um ‘cortado’ no café ‘El Olmo’. Durante a entrevista que lhe fiz em fevereiro, ele torpedeou o mito de Evita como paladina do gênero feminino. “Além do voto para as mulheres, ela jamais pensou em reivindicações feministas essenciais, como, por exemplo, o divórcio e a despenalização do aborto”, disse. Evita é sustentada como mito tanto pela direita como pela esquerda, explicou Sebreli, que indicou que “embora em seu discurso estivesse do lado dos operários, ela respaldou de forma enérgica a repressão às greves realizadas contra o governo de seu marido. Evita, longe de ter sido uma defensora dos operários, ajudou na domesticação do sindicalismo argentino. Ela era a perseguida e a perseguidora, a mulher do chicote”. Sebreli afirma que, ao contrário da lenda, Evita nunca esteve na mobilização de trabalhadores que no dia 17 de outubro de 1945 foi às ruas pedir a liberação do então coronel Juan Domingo Perón, detido por seus colegas militares. “Evita era ninguém, só era a amante de Perón…Essa imagem dela liderando as massas naquele dia decisivo apareceu anos depois. É preciso desmascarar isso. Evita estava naquele dia na cidade de Junín, com seus parentes”. “Perón não é mito. Ele é figura histórica. Ninguém se interessa profundamente em Perón hoje em dia, a não ser que seja um historiador. Mas, todos conhecem Evita. É seu jeito de ser, o look. E, de quebra, ainda está ali o musical e o filme sobre o musical. Perón foi um político, mas Evita foi o ornamento estético do fenômeno político do Peronismo. Veja bem: um ornamento estético muito importante”, explica. Segundo o sociólogo, “Perón pode ser discutido hoje em dia. Mas, Evita é intocável.Quase o mesmo caso do Che e de Maradona. As pessoas fazem poucas piadas paródicas sobre eles. O dia em que começarem as piadas, será o fim de seus mitos”. Efígie na cédula de cem peso Em 25 de julho de 2012 o governo argentino modificou a cédula de cem Pes
A verdadeira história de Evita Peron, uma mulher pobre que chegou a ser primeira dama. Ela queria ser cantora, mas sua carreira de artista não deu muito certo. Em Buenos Aires, ela conhece e se casa com Juan Peron, que veio a ser presidente da Argentina e um dos maiores líderes populistas do mundo. Evita teve importante papel na vida pública do marido, sendo admirada por seu carisma e sua garra.

Este filme retrata a vida de Evita de forma menos operística do que o musical "Evita", de Alan Parker, mostrando a personagem central de forma mais humana e menos mitológica.


Diretor: Juan Carlos Desenzo
Elenco: Esther Goris, Victor Laplace, Cristina Banegas, Pepe Novoa, Tony Vilas, Jorge Petraglia, Irma Cordoba, Lorenzo Quinteros.
Produção: Hugo Eduardo Lauria
Roteiro: Jose Pablo Feinmann
Fotografia: Juan Carlos Lenardi
Trilha Sonora: Jose Luis Castineira de Dios
Duração: 120 min.
Ano: 1996
País: Argentina
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Classificação: 16 anos

TEMER GARANTE QUE PMDB TERÁ CANDIDATO A PRESIDENTE EM 2018

TEMER GARANTE QUE PMDB TERÁ CANDIDATO A PRESIDENTE EM 2018 
Temer (esq.) disse que aliança com PT de Dilma este ano deve ser confirmada pela Executiva Nacional.
 O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou na manhã desta segunda-feira que seu partido terá candidatura própria à Presidência da República nas eleições gerais de 2018. Este ano, o partido deverá ratificar na convenção de junho a aliança nacional com o PT da presidente Dilma Rousseff (PT), que tentará a reeleição e terá novamente o peemedebista como vice em sua chapa. A declaração de Temer foi feita no evento Estratégias de Comunicação e Marketing Político, promovido pelo PMDB Mulher, em um hotel da capital paulista. Ao falar de seu partido, Temer disse que “o PMDB tem o poder político”, por isso os correligionários não podem ser pessimistas. E exemplificou: “Temos as presidências da Câmara, Senado e a vice-presidência da República. Os outros (partidos) temem nosso poder político, que será ainda maior nestas eleições.” Pelas suas contas, o partido deverá eleger por São Paulo neste pleito pelo menos uma bancada de sete deputados federais. O presidente do PMDB de São Paulo, deputado Baleia Rossi, que também participa do evento, disse que a sigla tem desafios no Estado. “O grande desafio é unir todas as lideranças para eleger Paulo Skaf (pré-candidato da legenda no Estado) o futuro governador de São Paulo.” E disse que, além do desafio de eleger Skaf, existe outro: “Reconduzir Temer à vice-presidência da República.” Numa resposta às críticas dos adversários, Baleia Rossi citou os avanços sociais do governo petista, como os programas Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, e disse que os avanços da gestão da presidente Dilma Rousseff foram possíveis porque ela conta com o peemedebista Michel Temer como vice. Uma das organizadoras do evento, Vanessa Damo, deputada estadual e presidente do PMDB Mulher de São Paulo, também falou da pré-candidatura de Skaf e foi bastante aplaudida pela plateia de cerca de cem pessoas quando disse que a sigla não será vice de ninguém no Estado. “Teremos candidatura própria ao Palácio dos Bandeirantes”, afirmou. AE
FONTE: DIÁRIO DO PODER.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

PT deixa vermelho de lado e 'amarela'


O publicitário João Santana, com aval da direção nacional do PT, praticamente aboliu o vermelho - cor que caracteriza o partido desde sua fundação - do material gráfico produzido para os dois principais eventos da legenda realizados até agora e que, segundo petistas, deve ser adotado na campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. Tanto no aniversário de 34 anos do PT, em fevereiro passado, quanto no 14.º Encontro Nacional do partido, no início de maio, os tons de laranja e amarelo predominaram. O vermelho ficou relegado a uma pequena estrela, outro símbolo caro à militância do PT, encostada no canto direito do cenário, quase fora do quadro. Embora pareça um simples detalhe estético, a paleta de cores escolhida por Santana virou motivo de discussões no partido. Dirigentes e antigos militantes não gostaram da mudança. "Quanto mais a campanha se afasta da identidade partidária, menos mobiliza a militância, e quanto mais se aproxima da identidade, mais mobiliza", disse o secretário nacional de organização, Florisvaldo Souza. Petistas mais velhos comparam o padrão visual adotado este ano à eleição de 1998, quando o publicitário Toni Cotrim também trocou o vermelho pelas cores da bandeira nacional na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. A justificativa na à época foi que Lula e o PT, depois de anos fazendo campanhas baseadas em ataques aos adversários, deveriam se apropriar das "cores e signos brasileiros" para enfrentar a disputa de forma "propositiva". Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito no primeiro turno. Tradição. Os veteranos do PT lembram também que Duda Mendonça resgatou as cores tradicionais do partido na vitoriosa campanha de Lula em 2002 e que a estrela vermelha não foi escondida nem mesmo em 2006, quando Lula foi reeleito em uma disputa marcada pelo escândalo do mensalão, revelado um ano antes. João Santana foi procurado para falar sobre a escolha das cores para a campanha de Dilma, mas não respondeu às ligações. Dirigentes do PT disseram, em conversas reservadas, que o vermelho e a estrela tiveram o papel reduzido propositadamente. O secretário nacional de Comunicação do PT, José Américo, negou que a escolha das cores tenha motivação eleitoral. "Não é uma coisa deliberada. Daqui a pouco o vermelho volta outra vez. Eu avaliei que está muito bonito. É de bom gosto, bem feito, e a gente tem mesmo que dar uma variada em alguns momentos. Não é a primeira vez que isso acontece e o PT já está acostumado. " As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ronaldo anuncia apoio a Aécio Neves em eleição presidencial


Membro do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo-2014, o ex-jogador Ronaldo declarou que apoiará o candidato Aécio Neves, na eleição presidencial deste ano. A declaração foi feita em entrevista ao jornal "Valor", publicada nesta segunda-feira (26). "Sou amigo do Aécio. Conheci a presidente Dilma, tenho uma ótima relação com ela. Mas minha amizade com o Aécio tem 15 anos. Ele foi o único cara que eu apoiei publicamente. Apoiei para governador de Minas e aí ele fez um excelente trabalho. Sempre tivemos uma forte amizade e agora vou apoiá-lo. É meu amigo, confio nele e acho que é uma ótima opção para mudar o país", disse ao jornal. Questionado sobre o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff, e que ajudou direta na construção do estádio do Corinthians, ex-time do jogador, Ronaldo respondeu que Lula não é candidato à eleição. Em abril, o jogador publicou uma foto em uma rede social na qual chamou de “futuro presidente do Brasil” o candidato presidencial tucano e senador Aécio Neves (PSDB-MG). Deixando de ver o timão por causa do meu grande amigo e futuro presidente do Brasil Foto publicada pelo jogador ao lado do pré-candidato Aécio Neves Envergonhado Nesta semana, o jogador disse que se sente envergonhado com os atrasos e demais problemas enfrentados pelo país para a organização do torneio, que começa em junho. Apesar disso, Ronaldo defendeu que a Copa não seja alvo de protestos e colocou nos governos a culpa pelos problemas. "E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse que disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora", disse o ex-jogador a uma agência de notícias. Dilma chateada A presidente Dilma Rousseff ficou “chateada” e “surpresa” com as críticas do ex-jogador Ronaldo Fenômeno aos atrasos das obras para a Copa do Mundo que se inicia no próximo dia 12 de junho. A pessoas próximas, ela demonstrou “contrariedade” com as declarações consideradas “despropositadas” do ex-atacante, que ocupa posto de destaque no Comitê Organizador Local da Copa (COL) desde 2011. "Tenho certeza da nossa capacidade, do que fizemos, das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar. E não temos complexo de vira-latas, tão bem caracterizado por Nelson Rodrigues se referindo aos eternos pessimistas sempre", afirmou Dilma durante congresso da UJS (União da Juventude Socialista)
(redacao@correio24horas.com.br)

domingo, 25 de maio de 2014

Estrelas da Copa do Mundo viram caricaturas em Santos

 Keisuke Honda, meia da seleção do Japão
 Meia francês Frank Ribéry
 Arjen Robben, meia da seleção da Holanda
 Messi, atacante da seleção da Argentina
 Atacante italiano El Shaarawy
 Andrea Pirlo, meia italiano
 Andrès Iniesta, meia espanhol
 Caricatura do Neymar
Thiago Silva, zagueiro da seleção brasileira

 Gianluigi Buffon, goleiro da Itália
 Técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari
 David Luiz, zagueiro da seleção brasileira
 Javier Hernandez, atacante mexicano
Caricatura do atacante português Cristiano Ronaldo

Gastronomia para os jogadores estrangeiros

Na Copa do Mundo, nós, os cronistas que ficamos para trás nos bancos de reserva, roemos as unhas até o sabugo, despeitados, com uma inveja verde e viscosa daqueles que estão em Paris, irremediavelmente sorridentes, escrevendo sobre bunda de escocês. Nós, os oprimidos, choramos os assuntos perdidos. Deveríamos ter sido incluídos no pacote, gememos, vís, mesmo no pacote vigarista sem os jogos. Quem está escrevendo sobre a "haute cuisine"? Foram visitar o velho Robuchon? O Alain Ducasse tão estrelado? Qual o dia-a-dia da comida da seleção? Pensam que nos enganam? Aquela mesma história de saudade do feijão com arroz? Nossos jogadores mudaram. Falam melhor que astros de TV, estudam na Sorbonne, privam com socialites, frequentam os grandes alfaiates italianos, nada que Glorinha Kalil possa botar defeito. E a mãe de Ronaldinho precisa dar uma de Sophia Loren na alfândega escondendo um paio debaixo da saia? Aí tem coisa. É gênero, minha gente, é gênero... Daqui os despeitados avisam - Attention au foie gras et au caviar! Devem estar escondidos debaixo do torresmo! Potências nanicas jogam em Lyon! Coréia x México. Que angústia estar aqui comendo amendoim em frente à TV, quando poderia rabiscar receitas coreanas do técnico Cha Bun Kun, arrancar segredos da namorada do atacante Choi Yong Soo, donos de uma comida que de nanica não tem nada. Já me imagino sentada num bistrô lionês, ou até mesmo infiltrada no estádio de Gerland, pesquisando com Bernal, Garcia, Aspe e Ramirez um mole de peru com chocolate... E as mães mexicanas, Fridas Kahlos dolorosas, terão mandado pimentas e tacos e tortillas para os filhotes bigodudos,com endereço de Lyon, a sede da boa mesa? Ah, é um assunto sem fim esse da cozinha. Mas, sempre se pode diversificar antes de voltar à carga. Do alto de nossos cabelos brancos poderíamos dar um toque nos meninos. O que é isso, garotos? Não fica bem essa alegria esfuziante com aquele castelo ao fundo... Os poucos brasileiros que ficaram no Brasil empunharam suas lentes para descobrir se era o Loire, ou era o castelo euro da Branca de Neve! Façam-me o favor... Modus in rebus, crianças. Aí não é Miami, larguem o Mickey, é a terra dos castelos de verdade, das vertiginosas montanhas russas do pensamento. Vamos jogar com Marrocos? Pois saibam vocês, seus felizardos, que os cronistas de comida poderiam derrubar esses marroquinos antes do jogo numa manobra tática invejável, seguros da impunidade, pois prenderiam os suspeitos de sempre. Se os brasileiros definham de saudade da feijoada o mesmo deve estar acontecendo aos marroquinhos. Viram a cara deles no primeiro jogo? Olhos que pareciam faróis, intensos, ferozes. Cavaleiros da brigada ligeira, sem cavalo Tresloucados de fome, perigosos. Vamos ao cenário. Poderia ser qualquer das casas alugadas nos arrabaldes de Paris por brasileiros. A do Ronaldinho ou do Bial. Uma almofada de brilhos, toda Marrocos convidada, e... ação. Começa-se a preparar a "diffa". O banquete.. A comida marroquina é farta vem da escola dos palácios, das grandes aves recheadas com outras aves até se chegar ao menor pássaro canoro. É a terra banhada por dois mares com todos os seus peixes. Um oásis de palmeiras feito pelo homem, onde corre o mel e o leite. Se o dia estiver bonito o ideal é um "méchoui", o cordeiro bérbere assado inteiro como um leitãozinho no espeto, a carne esfregada de alho e cominho rescendendo junto às sebes de alecrim. Depois de pronto o cordeiro fica pururuca por fora e macio por dentro para ser comido com as mãos em grandes bocados. Untamos assim a manoplas do goleiro, tomando-as escorregadias. E o tagine? Imagine o tagine! Galinhas ensopadas em fogo muito baixo com enormes azeitonas brilhantes, pedaços de limão marroquino em conserva com açafrão, gengibre e páprica. No banquete costumeiro passam até doze pratos. Peixes recheados com tâmaras frescas, tortas de pombos com açúcar, espetos disso e daquilo, e sempre, no final glorioso, o cuscuz. Uma travessa redonda com um morro de grãos leves, delicados, inchados de vapor de um cordeiro cozido abaixo deles, no cuscuzeiro, temperado com ervas. Na panela de baixo a carne vai amolecendo com os legumes, formando um molho grosso e ferruginoso que impregna os grãos de trigo com seu cheiro. E o prato nacional pede cama, rede, sono, torpor, velocidade zero. (Corre à boca pequena que no Marrocos há gente que possui kimia, que é o dom de multiplicar comida. Se um homem tem um pouquinho de cuscuz e kimia pode passar o resto da vida sem problema, com essa graça interior de multiplicação das bolinhas de trigo. Esperamos que seja uma química de bolas, jamais de gols). E nós aqui, o assunto a bordejar pelo nada, podemos oferecer aos felizardos da Copa as receitas para derrubar marroquinos. É só pedir. Nós, os clínicos, invejosos e já carregados de culpa não temos nada a perder, um cigarro no canto da boca -"play it again, Sam". Afinal, no esporte e no amor "it's still the same old story, a fight for love and glory, a case of do or die... as time goes by."
Fonte: Internet.