quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

No Brasil, ajustes precisam ser feitos “agora ou nunca”


O ritmo de “devagar e sempre” da economia brasileira vai se manter neste ano, segundo o relatório do Banco Mundial, que prevê um crescimento “modesto, mas consistente”, de 2,4% do PIB em 2014, e de 2,7% em 2015. Surpreende, entretanto, o otimismo da instituição  com o futuro do país, ao descrever que o Brasil sairá desse resultado neste ano, “acelerando para 3,7% em 2016”. A melhora das exportações, assim como do consumo interno, viriam a colaborar para esse resultado.
 A projeção é vista com cautela por economistas, num momento em que o país debate a falta de ajustes na política econômica do Governo Dilma. “Só vejo esse crescimento (de 3,7%) num governo de Eduardo Campos ou de Aécio Neves”, diz Sérgio Vale, economista da MB Associados, em referência aos adversários políticos da presidenta Rousseff na corrida eleitoral deste ano. Campos é o potencial candidato do PSB, e Neves, do PSDB. “Rousseff sinalizou que não há preocupação concreta com a inflação e faltou firmeza nas concessões, criando um processo de desconfiança do investidor”, diz Vale.
 Luís Suzigan, economista da LCA, acredita que o Brasil tem sim potencial para crescer entre 3,5% e 4% na segunda metade desta década, mas para alcançar esse resultado é preciso ajustar desequilíbrios decorrentes de mudanças no ambientel global, “mas também associados a algumas barbeiragens no âmbito interno”, que demandam ações do governo para evitar retrocessos. “A situação fiscal é o que mais preocupa. Os ajustes não precisam ser draconianos, como os que foram implementados recentemente na Europa, por exemplo, mas precisam dar maior consistência ao manejo das políticas publicas a longo prazo, revigorando a confiança corporativo”, explica Suzigan. O investimento privado, fundamental para garantir o crescimento, tem se mantido pouco abaixo dos 20% do PIB nos últimos anos, o que faz o país depender de investimentos estrangeiros, e públicos. Ele lembra que os países latinos que centraram esforços em reformas do gênero, como o Peru, o Chile e a Colômbia, vão preservar taxas de crescimento mais vistosas.
Para Suzigan, o ajuste monetário no Brasil – marcado pela alta de juro - com vistas a manter a inflação em xeque, já parece próximo de se completar. Nesta quarta-feira, o Banco Central brasileiro deve aumentar, uma vez mais, a taxa Selic, hoje em 10%, exatamente para domar o dragão inflacionário, e criar um “escudo” para a volatilidade que se instala com o fim dos incentivos monetários nos Estados Unidos. Já o ajuste fiscal, que prevê gastos públicos austeros, deve ser mais cauteloso do que o necessário neste ano, em função do calendário eleitoral. “Este é um elemento de risco para os próximos anos”, observa.
Vale, da MB Associados, lembra que em anos eleitorais como o de 2014 no Brasil, os gastos públicos sobem e pressionam o índice inflacionário, que em 2013 fechou em 5,91%, perto do teto da meta estabelecida pelo BC, de 6,5%. “Para chegar ao centro da meta, de 4,5%, os juros precisariam estar em 14%”, afirma. Uma taxa nesse patamar, em todo caso, viria a arrefecer a inflação, mas também o consumo e o investimento, e retardaria a expansão da economia.
 Agricultura
 O Banco Mundial prevê, ainda, que países emergentes, como o Brasil, devem sentir o impacto da redução dos preços das commodities, que estiveram em alta até 2011. Para Anderson Galvão, sócio da Célere Consultoria, especializada em commodities, esta é uma realidade que vale para matérias-primas não alimentícias, como algodão, celulose, ou borracha, mas não para as alimentícias, como soja ou trigo, que ainda têm um ciclo de alta favorável no médio prazo. “Ainda há demanda firme em economias emergentes, que estão comendo cada vez melhor, e aumentam, inclusive, o custo de produção, o que aumenta o preço”, diz Galvão.
O crescimento de 3,7%, acredita, é factível porque a melhora do ambiente em economias mais ricas beneficia o Brasil, e ainda há mudanças em curso no país, como as concessões no setor de logística, capazes de sustentar um crescimento da produção. Ele cita, por exemplo, a concessão feita no ano passado de trechos da rodovia BR-163, que corta o cinturão agrícola do sul ao norte do país. “Somente no Pará, o desenvolvimento dessa rodovia é capaz de ampliar em até 700 mil hectares áreas que são subaproveitadas, do ponto de vista agrícola”, explica. “Todas as cidades que vivem de agricultura no Brasil estão fervilhando e sofrendo com problemas como a falta de mão de obra.”
A indústria, porém, que em tese deveria ocupar um lugar mais destacado no PIB, continua patinando. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor industrial cresceu 1,1% em 12 meses, no acumulado até novembro de 2013. Para a economista Lídia Goldenstein, a indústria brasileiras perderam espaço em função da recessão no exterior, mas também pela sua própria falta de competitividade. “Não fizemos nossa lição de casa, não investimos em inovação para ganhar um diferencial competitivo. Isso me deixa pessimista, pois mostra mostra que nossa indústria não está pronta para uma eventual retomada da economia global”, afirma. Mesmo a perspectiva de abertura por meio de acordos comerciais, como o que está sendo discutido com a União Europeia, não se sustentam sem investir onde interessa, avalia. “Pode fazer quantos acordos quiser. Se não houver uma indústria moderna, não tenho mercado no mundo atual.”
Fonte:el pais

A fome mata na Síria


No campo de refugiados palestinos de Yarmouk, ao sul de Damasco (Síria), o cardápio do dia consiste em vegetais podres, ervas do chão, molho de tomate em pó, especiarias dissolvidas em água, ração para animais, cães, gatos, ratos. Não há nada mais para levar à boca. A fome e a falta de vitaminas e suplementos mataram 48 pessoas nos últimos três meses, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. A UNRWA, agência da Organização das Nações Unidas para refugiados palestinos (site em inglês), confirmou a morte de pelos menos vinte. Nem comida, nem medicamentos entram no bairro desde o verão (meados do ano passado), quando se intensificou o cerco das tropas leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad. A presença de pelo menos quatro grupos de oposição no país, entrincheirados entre os civis, é a justificativa do governo para o bloqueio absoluto. É o caso mais extremo, mas os Comitês Locais de Coordenação alertam para o cerco prolongado em partes de Guta, Homs e Aleppo. A UNRWA denuncia o “profundo sofrimento” dos palestinos e a necessidade “desesperada” de ajuda humanitária. Seu chamado para garantir que o bloqueio seja aliviado está surtindo efeito e se negocia a possibilidade de que seis caminhões entrem no acampamento e aliviem esta situação escandalosa, confirmou Mohamed Shtayyeh, membro do comitê central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que organiza a ação. Já houve outra aproximação em novembro, mas não deu em nada. A UNRWA denuncia o “profundo sofrimento” dos palestinos e a necessidade “desesperada” de ajuda Na Síria estão registrados cerca de 540.000 refugiados palestinos, dos quase cinco milhões espalhados pelo mundo inteiro. A UNRWA estima que 270.000 fugiram de suas casas por causa do conflito sírio e outros 80.000 foram exilados no Líbano e na Jordânia, onde se encontram especialmente em um perigoso limbo legal. O campo de Yarmuk foi inaugurado em 1957 para abrigar palestinos expulsos pelas milícias judaicas na guerra de 1948. Viviam ali cerca de 150.000 refugiados palestinos e 100.000 sírios, atraídos pela sua vida comercial e o fato de que não era um campo oficial, fechado a quem não fosse palestino. Agora, confirma o partido Fatah, permanecem no Yarmuk 18.000 pessoas, mulheres, crianças e idosos que não conseguiram fugir e enfrentam a fome provocada como estratégia de guerra. Já não há opção nem de contrabando, acabaram até os estoques vendidos no verão, como o arroz, a 100 dólares o quilo. A falta de oferta de produtos se soma à insalubridade. Há um ano não há eletricidade e, portanto, tampouco calefação. Móveis e galhos são queimados nos quintais para que o calor entre nas casas e barracas. O abastecimento de água é intermitente, quatro horas a cada três dias, disse Christopher Gunness, porta-voz da agência da ONU responsável pelos palestinos. Mais de 3.000 civis estão abrigados em escolas, já que suas casas estão deterioradas. Amani, uma universitária de Yarmouk que voltou em setembro a Gaza, de onde sua família partiu nos anos cinquenta rumo à Síria, fala de “puro horror”. Seus tios e avós ainda estão lá, embora não consiga falar com eles. “Até os médicos fugiram, o regime matava que fosse trabalhar no campo. Só resta esperar que Deus nos ajude”, lamenta. Até os médicos fugiram, o regime matava que fosse trabalhar. Só nos resta a ajuda de Deus. Amani, uma universitária de Yarmuk Mutawalli Abou Nasser, um ativista e antigo vizinho, explica que durante o primeiro ano da revolução contra Assad o bairro se manteve neutro. Os palestinos levaram durante décadas uma vida relativamente tranquila graças a uma lei de 1956 que concedeu direitos semelhantes aos dos sírios. Na década de oitenta começaram a ser rotulados como “opositores”, após a expulsão da liderança da OLP por Hafez Assad, pai de Bashar, mas ao longo dos anos eles voltaram a levar uma vida normal, fazendo de Yarmuk um bairro a mais de Damasco, muito vivo. Nos primeiros meses de contestação ao regime, sírios de outras regiões do país se refugiaram lá “porque havia abundância de alimentos e medicamentos”, diz Abou Nasser. Ocorreram importantes operações em busca de adversários no local, mas não havia excesso de violência. O primeiro bombardeio aconteceu em dezembro de 2012, depois que membros do grupo rebelde Exército Sírio Livre chegaram ao acampamento. O governo atacou imediatamente, com contundência e constância, e ganhou, assim, a inimizade dos moradores. Foram sete meses de cerco parcial até que em julho de 2013 o isolamento foi total. Tanques e artilharia cercam o campo e os soldados de Assad controlam o único posto de controle de acesso. “Existe pouca ou nenhuma liberdade de movimento”, observa Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em visita à Síria. Cerca de 300 pacientes que seriam resgatados pela organização na semana passada seguem lá dentro porque francoatiradores jihadistas (possivelmente do Al Nusra ou do Estado Islâmico do Iraque e Síria) impedem a sua saída.
Fonte:el pais

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Obama alerta Rajoy que seu “grande desafio” é reduzir o desemprego


Ao fim de uma reunião que durou uma hora, e com breves declarações no Salão Oval, o presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimentou o chefe do governo espanhol pelos “grandes avanços” obtidos pela Espanha em matéria de estabilidade econômica, consolidação fiscal e retorno aos mercados financeiros. Mas o advertiu de que tem pela frente “grandes desafios”, principalmente o de reduzir o desemprego e aumentar o crescimento. Obama reconheceu que Rajoy chegou ao poder em “uma época extremamente difícil” e, por isso, elogiou os avanços conseguidos “graças à sua grande liderança”. Rajoy, por sua vez, garantiu que o objetivo de sua política econômica sempre foi o de resolver o problema do desemprego, mas primeiro teria de lidar com o saneamento do sistema financeiro e a consolidação fiscal. Além disso, ele saudou o fato de que no final de 2013 havia menos desempregados do que um ano antes, o que constitui o melhor dado dos últimos cinco anos. Obama considerou boas as medidas de ajuste fiscal aplicadas até agora pela UE, mas insistiu que “nesta etapa, o mais importante é estimular o crescimento e combater o desemprego”. Ele também se queixou de que alguns países com superávits, numa alusão à Alemanha, “poderiam fazer mais para incrementar a demanda”. O primeiro-ministro espanhol saiu visivelmente satisfeito da Casa Branca, onde recebeu um aval a suas reformas econômicas e um voto de confiança na estabilidade política da Espanha. O encontro foi o corolário de dois anos de empenho para marcar essa reunião; um objetivo para o qual, segundo fontes diplomáticas, não cooperou – e provavelmente fez o contrário – o ex-embaixador norte-americano em Madrid Alan Solomont, convencido de que Rajoy não sobreviveria à crise econômica e aos escândalos de corrupção. Obviamente se enganou, talvez porque não valorizou a força que uma maioria absoluta possui no sistema político espanhol. A delegação espanhola evitou tocar em assuntos espinhosos, como a espionagem massiva da Agência Nacional de Segurança (NSA), cujas revelações deixou ambos os governos em mãos dos serviços secretos; ou a falta de colaboração do Pentágono no processo aberto na Audiência Nacional pela morte do cinegrafista José Couso, durante a invasão do Iraque. A jornada do primeiro-ministro em Washington se iniciou com uma visita ao cemitério nacional de Arlington, um impressionante campo-santo de 252 hectares onde estão sepultados mais de 250.000 soldados mortos em combate e veteranos de todos os conflitos nos quais os EUA se envolveram: desde a Guerra de Secessão até as do Iraque e Afeganistão. Em uma manhã fria e com sol, Rajoy foi recebido com saudações militares por uma companhia de honra e depois de escutar os hinos de ambos os países, depositou uma coroa de flores no monumento ao soldado desconhecido. Um gesto de respeito protocolar que, no entanto, Zapatero não recebeu quando visitou Washington em outubro de 2009. Depois do encontro com Obama, Rajoy se reuniu com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que na semana passada deu uma força ao Governo espanhol ao declarar que a Espanha e a Itália “quase voltaram à situação anterior à crise”. Os EUA são o principal parceiro comercial da Espanha fora da UE. As exportações de mercadorias espanholas alcançaram em 2012 a cifra recorde de pouco mais de 9,01 bilhões de euros, com um incremento de 14%, enquanto as importações somaram cerca de 9,7 bilhões, com redução de 7,5%, o que reflete a retomada do consumo norte-americano, perante o estancamento do espanhol. “Vamos exportar carros Ford aos EUA”, afirma o embaixador Gil-Casares, transbordando de otimismo. Além do mais, os EUA são o segundo investidor estrangeiro na Espanha, depois da Itália, com um estoque acumulado de 43 bilhões, enquanto que os EUA são o terceiro destino dos investimentos espanhóis, depois do Reino Unido e o Brasil, com 48 bilhões. Uma relação tão intensa não está isenta de problemas: investimentos norte-americanos levaram a Espanha a órgãos internacionais de arbitragem pelo corte retroativo de subsídios às energias renováveis. Outro litígio histórico, a falta de proteção à propriedade intelectual, parece pacificado, ao menos temporariamente, depois que o Departamento de Comércio deixou a Espanha fora da “lista 301” dos países que não atacam a pirataria. Desejoso de enfatizar o papel da Espanha na pujante Aliança do Pacífico, que agrupa as economias mais dinâmicas da América Latina (Chile, Peru, Colômbia e México), Rajoy deu de presente a Obama uma biografia de Vasco Núñez de Balboa, um fac-símile de um mapa múndi da época e da carta que ele dirigiu ao rei Fernando, o Católico, anunciando o descobrimento do Pacífico, há 500 anos. Lagarde: “Vai por bom caminho” Tanto Obama como Rajoy asseguraram que a cooperação entre Espanha e EUA em matéria de segurança e defesa “nunca foi tão forte”. O primeiro agradeceu que Espanha aceite acolher na base de Morón (Sevilha) uma força de 500 marines cuja principal missão é proteger as embaixadas norte-americanas no Magreb e Oriente Próximo; e o segundo comprometeu-se a trabalhar para aprofundá-las ainda mais. Rajoy transladou a Obama seu apoio entusiasta ao tratado de livre comércio que negocia a UE com Washington e pôs em valor a influência de Espanha em Iberoamérica, um continente onde a democracia, o respeito aos direitos humanos e o progresso “se abrem caminho”. Depois de sua cita na Casa Branca, Rajoy reuniu-se durante meia hora com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. Segundo fontes de Moncloa, Lagarde felicitou ao presidente espanhol por suas reformas estruturais, especialmente em matéria trabalhista e de pensões, cujos resultados/resultos “já se vêem”; e mostrou-se convencida de que a consolidação fiscal “vai por bom caminho”. Todo um capotazo da máxima responsável por um dos organismos que integram a troika que se encarregou de supervisionar o resgate à banca espanhola. Já pela tarde tinha previsto impor a Grande Cruz da Ordem de Isabel a Católica ao senador democrata Bob Menéndez, ex presidente do USA Spain Council e presidente da Comissão de Assuntos Exteriores do Senado, na residência do embaixador espanhol em Washington.
Fonte:el pais

O Lobo de Wall Street engorda o caixa


Debaixo da pele de Leonardo DiCaprio esconde-se um verdadeiro lobo, que dá nome à mais recente produção de Martin Scorsese, O Lobo de Wall Street, nada mais nada menos do que Jordan Belfort, alguém que muitos classificam abertamente como um dos maiores golpistas do mercado acionário da década de 1990. O empresário norte-americano, de 51 anos, que no auge de sua fortuna orgulhava-se de ganhar até 30 milhões de reais em um dia, foi acusado de desviar cerca de 470 milhões de seus investidores. Mas, além dos seus golpes de colarinho branco, sua figura transformou-se em uma lenda dos excessos praticados em Wall Street, sendo o protagonista de uma história de prostitutas, drogas e orgias em que tudo valia, incluindo utilizar anões para lançar ao alto ou levar chimpanzés ao trabalho para distribuir a correspondência. DiCaprio, que interpreta o golpista no filme, o chamou de “Calígula moderno”. Agora Belfort cobra mais de 11 mil reais por pessoa, para aqueles que querem ouvir ao vivo suas histórias, ao mesmo tempo em que participam de seus seminários, o modus vivendi, de um homem que se diz reformado. Histórias também refletidas em seus dois livros de memórias, sucesso de vendas, e no filme de Scorsese, que será certamente candidato ao Oscar. O ator, que acaba de ganhar um Globo de Ouro por sua interpretação como Belfort, reconhece estar fascinado pela figura de seu alter ego, alguém cujos relatos superam inclusive os excessos revelados no filme, no qual o ex-operador financeiro faz uma pequena ponta ao final. DiCaprio também está convencido de que Belfort é, atualmente, um homem novo e que ficaram para trás os tempos em que afundou nas águas do Mediterrâneo o iate que pertenceu à estilista Coco Chanel, ou injetou em seu corpo na forma de diferentes drogas uma fortuna que chegou a superar 230 milhões de reais. Agora, Belfort é aparentemente um homem arrependido e pai de três filhos, que se dedica a dar palestras sobre técnicas de investimentos, e que vive num bairro não tão glamoroso de Los Angeles. Como ele mesmo disse, nem sempre somos os erros de nosso passado. “O filme me fez lembrar o que fui e a pessoa na qual me transformei”, comentou recentemente nas redes sociais, sem poder esconder o orgulho que lhe causava ser identificado com DiCaprio. Nem todos estão convencidos como Leo sobre essa transformação. Belfort vive agora ensinando as mesmas técnicas de venda que incentivou entre seus funcionários durante a década de 1990, quando seduzia seus clientes a investir em companhias de futuro duvidoso apenas para elevar seus preços e poder resgatar seu próprio investimento no auge, afundando o resto dos investidores. Depois de ter passado 22 meses na prisão, ainda tem pendências com a Justiça, já que também foi condenado a pagar uma multa equivalente a quase 300 milhões de reais a suas vítimas, da qual pagou até o momento apenas 27,5 milhões de reais. Agora, as vítimas cobram o resto da quantia, já que Belfort cobrou muito dinheiro por sua história. Scorsese não quis confirmar ao El PAÍS o valor que a produção de O Lobo de Wall Street pagou a Belfort em direitos autorais, embora se comente que seus dois livros de memórias lhe tenham rendido quase 5 milhões de reais. Os números estão distantes da fortuna que estava acostumado a ganhar de forma ilícita, mas continuam em linha com alguém que deixou os estudos de ortodontia no primeiro dia da universidade, quando lhe disseram que deveria esquecer aquela carreira caso quisesse ganhar dinheiro. Foi o momento no qual partiu em busca da fortuna em Wall Street. ERRATAS Até que se corrigiu durante a manhã do 14 de janeiro, esta notícia indicava por erro que Jordan Belfort passava 22 anos no cárcere, quando em realidade só esteve 22 meses preso.
fonte:elpais

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

“A retirada das tropas do Haiti deve ser feita de modo ordenado”


Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti vivia um dos momentos mais trágicos de sua história. Um forte terremoto de sete graus na escala Richter, seguido de duas réplicas, provocou a morte de pelo menos 220 mil pessoas, deixando ainda 1,5 milhão de deslocados, em uma crise humanitária de contornos desesperadores no país mais pobre das Américas. No comando militar da missão da ONU no país (MINUSTAH) desde 2004, o Brasil registrou 21 vítimas fatais em decorrência do sismo, entre elas a médica sanitarista Zilda Arns, de 75 anos. Quatro anos depois, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, afirma, em entrevista ao EL PAÍS, que a fase crítica de emergência humanitária após o sismo já foi superada – o terremoto provocou epidemias de cólera e destruiu hospitais, escolas, postos da ONU e o próprio palácio do Governo nacional. E que o território caribenho tem um quadro político promissor para uma diminuição dos efetivos brasileiros. “A retirada das tropas – cuja estada não cabe prolongar para além do necessário - deve ser feita de modo ordenado para evitar que os ganhos dos últimos anos venham a se perder”, afirma. O Brasil, que já gastou cerca de 2 bilhões de reais (839,6 milhões de dólares) no Haiti, mantém aproximadamente 1.450 soldados na MINUSTAH, após ter chegado a 2.300 logo após o terremoto. Em abril de 2013, 430 soldados já voltaram ao país. Com “o terremoto, parte do que havia sido feito antes foi perdido, mas não houve retorno das gangues que atuavam na capital. A MINUSTAH reorientou suas atividades para também apoiar os esforços humanitários e o resgate das vítimas, além de seguir contribuindo para a manutenção da estabilidade no Haiti”, acrescenta o chanceler, que vê ainda como “natural” o Brasil ser considerado para ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Pergunta: Quais são as principais conquistas brasileiras no Haiti? E os erros? Quais fatores levaram o país a assumir esse papel pacificador em território estrangeiro? Resposta: A convite das Nações Unidas, o Brasil ocupa, desde 2004, o comando militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH). A MINUSTAH tem sido um valioso instrumento da comunidade internacional e da ONU, em particular, para apoiar o Governo e o povo haitianos a manter a segurança, bem como avançar nas áreas social, econômica e institucional. Com o Haiti, compartilhamos muitos valores e laços históricos e culturais, razão pela qual a sociedade brasileira acompanha de perto o sentido e a duração do nosso engajamento na MINUSTAH. As principais conquistas da MINUSTAH – para o que colaboram também vários outros países latino-americanos – foram ter ajudado a fortalecer a estabilidade no Haiti e contribuído para o seu desenvolvimento. Além de dar contribuição militar à MINUSTAH, o Governo brasileiro tem buscado, ao longo dos anos, intensificar a cooperação técnica e humanitária com o Haiti, no entendimento que a segurança e o desenvolvimento são elementos essenciais para uma paz duradoura. A Companhia de Engenharia Militar brasileira na MINUSTAH auxilia nesse esforço. Ela desempenha atividades como perfuração de poços artesianos, construção de pontes e açudes, contenção de encostas, construção e reparação de estradas, além de atuar em missões de defesa civil, sobretudo após o terremoto de 2010. P. O que representa para o Brasil e a América Latina liderar uma missão desse tipo no exterior? Trata-se de uma situação inédita ou com antecedentes na história brasileira? R. A importante participação de países latino-americanos e caribenhos nos esforços de paz e desenvolvimento no Haiti é exemplar. Temos envidado esforços coletivos, inclusive por meio da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a CELAC, para contribuir, na medida de nossas capacidades, para que o Haiti possa, de forma soberana, desenvolver-se em segurança, com base em instituições sólidas e com o devido respeito aos valores democráticos e aos direitos humanos. A participação do Brasil em missões de paz não é recente. Já estivemos presentes em cerca de 50 operações de paz das Nações Unidas e missões afins, com mais de 30 mil militares, em quase todas as regiões do mundo. Nas Américas, por exemplo, participamos em importantes missões no final dos 80 e início dos 90: ONUCA, na América Central; ONUSAL, em El Salvador; e MINUGUA, na Guatemala. P. Como o Itamaraty avalia a situação atual no Haiti? R. O quadro político no Haiti é promissor. O projeto de lei eleitoral, um dos requisitos para a realização das próximas eleições legislativas e locais, foi recentemente aprovado pelo Parlamento e deverá ser promulgado pelo Presidente nos próximos dias. Com isso, estarão dadas as condições para a organização das eleições, pendentes desde 2012. É, porém, motivo de preocupação certo aumento da violência em várias cidades do Haiti, fenômeno ligado à campanha eleitoral. P. Já é possível notar a contribuição brasileira para a estabilização do território caribenho? R. É evidente o valor da contribuição que a MINUSTAH tem dado ao Haiti. Desde a chegada da Missão, houve duas eleições presidenciais democráticas, e a fase crítica de emergência humanitária pós-terremoto foi superada. Do ponto de vista da garantia da segurança, a Missão tem sido bem sucedida contra gangues que antes agiam livremente na capital, Porto Príncipe, sobretudo nas zonas de Belair, Cité Soleil e Cité Militaire. Com o terremoto, em janeiro de 2010, parte do que havia sido feito antes foi perdido, mas não houve retorno das gangues que atuavam na capital. A MINUSTAH reorientou suas atividades para também apoiar os esforços humanitários e o resgate das vítimas, além de seguir contribuindo para a manutenção da estabilidade no Haiti. P. Há previsão para a saída ou a diminuição das tropas brasileiras? Há intenção de se repetir a experiência em outros países? R. O Conselho de Segurança das Nações Unidas tem reduzido o contingente militar da MINUSTAH, à luz da evolução da situação no país, o que implica a diminuição dos efetivos brasileiros. A retirada das tropas – cuja estada não cabe prolongar para além do necessário - deve ser feita de modo ordenado para evitar que os ganhos dos últimos anos venham a se perder. O Brasil é hoje o vigésimo maior contribuinte de tropas da ONU, com militares e policiais presentes em nove missões de paz, em diversos continentes. O país mantém o importante comando do componente marítimo da UNIFIL (Força da ONU no Líbano), para a qual contribuímos com uma fragata da Marinha do Brasil. Além disso, o General brasileiro Santos Cruz é o comandante militar da missão de paz na República Democrática do Congo (MONUSCO). Participamos também dos esforços de reconstrução de países que estão saindo de conflitos, inclusive mediante nossa atuação na Comissão de Consolidação da Paz e contribuições ao Fundo de Consolidação da Paz. O Brasil continuará a participar dos esforços de manutenção e consolidação da paz das Nações Unidas, de acordo com nossas possibilidades. P. O Itamaraty considera que a missão brasileira pode contribuir para que o país conquiste a tão aguardada vaga no Conselho de Segurança da ONU? Quais seriam os próximos passos para a obtenção desse objetivo? R. Ao Brasil interessa o fortalecimento do sistema multilateral, que deve ser a base de uma ordem internacional justa, dotada de mecanismos e instrumentos com legitimidade e eficácia. Assim, o Brasil valoriza as Nações Unidas, bem como as missões de paz, que são o seu principal instrumento em matéria de manutenção da paz e da segurança internacional. A reconhecida qualidade das tropas brasileiras em operações de manutenção da paz consolida a imagem do Brasil como país não só disposto, mas também capaz de assumir maiores responsabilidades no campo da paz e da segurança internacionais. Tal envolvimento – juntamente com outros fatores, como solidez econômica, estabilidade democrática, grande população e extensão geográfica –, torna natural que o Brasil seja considerado num momento em que se busca reformar as estâncias decisórias das Nações Unidas, notadamente o Conselho de Segurança.
fonte:el pais

O acordo sobre o programa nuclear iraniano entrará em vigor em 20 de janeiro


A partir de 20 de janeiro, o Irã, pela primeira vez, vai começar a eliminar seu estoque de urânio altamente enriquecido e desmantelar parte da infraestrutura que possibilita esse enriquecimento”, disse em comunicado o presidente dos EUA, Barack Obama, minutos depois de a chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, ter anunciado o acordo e dito que ele tinha sido confirmado pelo ministro do Exterior iraniano, Mohamed Javad Zarif. As potências acordaram que o acordo fechado em novembro terá vigência de seis meses, renováveis, para facilitar as negociações em vista de um pacto mais amplo. O compromisso anunciado no domingo pretende ser o precursor desse convênio definitivo sobre o programa nuclear iraniano. Os países que firmaram o compromisso se deram o prazo de um ano para chegar ao convênio definitivo, mas essa meta se prefigura “difícil”, como reconheceu o secretário de Estado americano, John Kerry, em Paris neste domingo. O próprio Obama já constatou essas dificuldades. “Saúdo este avanço importante, e agora vamos concentrar nossos esforços na busca de uma resolução mais abrangente e completa, que responda às preocupações em torno do programa nuclear iraniano. Não sou ingênuo e sei como será duro alcançar esse objetivo, mas, pelo bem da segurança nacional e da paz e segurança mundiais, é preciso dar uma chance à diplomacia”, declarou o presidente em seu comunicado. Quando anunciou o Plano Conjunto de novembro, Obama já falou da importância da via diplomática, contrariando aqueles, dentro e fora de seu país, que defendem vias mais diretas para fazer frente à ameaça nuclear iraniana. A Casa Branca estima em cerca de 6 bilhões de dólares o total das sanções que podem ser suspensas se o Irã cumprir sua parte do acordo fechado em Genebra. Os setores que criticam o abrandamento dos castigos alegam que foram exatamente as medidas desse tipo que obrigaram o Irã a discutir seu programa nuclear. Mas a Europa e os EUA consideram que o alívio parcial das sanções é a única maneira de ganhar tempo para conseguir o acordo amplo que buscam. Obama está relativamente sozinho na defesa desse compromisso. À oposição internacional de Israel e da Arábia Saudita soma-se a do Congresso americano. No Senado, o presidente da Comissão de Relações Exteriores, o influente democrata Bob Menéndez, lidera uma proposta de lei que prevê o endurecimento das sanções ao Irã no caso de Teerã descumprir o compromisso assumido. O chanceler iraniano já insistiu em várias ocasiões que uma ampliação das sanções seria o fim do Plano Conjunto. Obama advertiu ontem que vetará “qualquer iniciativa que incorpore novas sanções durante a negociação de um acordo de longo prazo com o Irã”. As pressões não procedem apenas do lado americano. Desde que foi fechado o acordo de Genebra sucedem-se no Irã as declarações de vários dirigentes assegurando que o programa nuclear continua e que Teerã não cedeu diante das exigências das potências estrangeiras. Em dezembro, os membros da delegação iraniana que participaram da primeira fase das negociações do Plano Conjunto foram obrigados a regressar a seu país em resposta à decisão do Departamento do Tesouro dos EUA de incluir várias empresas iranianas em sua lista negra de sanções. A cautela em relação à implementação do Plano Conjunto e das negociações sobre o programa nuclear iraniano é enorme. Israel e Arábia Saudita redobraram suas expressões de mal-estar e receio diante de um acordo que, se entrar em vigor, suporá a reentrada do Irã no cenário internacional. Um fracasso das negociações colocaria ainda mais em questão a credibilidade de Obama na política externa.
fonte:el pais

Reféns da telefonia e internet de má qualidade


Reportagem: Raul Beiriz e Luciano Demetrius
Os precários serviços de telefonias fixa e móvel e de internet causam significativos prejuízos à economia e dores de cabeça aos usuários. A situação beira o caos. Diversas operações, negócios e vendas deixam de ser realizadas por causa da inoperância do serviço prestado pelas empresas Oi, Tim, Vivo e Claro e também das distribuidoras de sinal de internet. Exemplos não faltam.
Na agricultura, muitos produtores usam o velho rádio para se comunicarem com os escritórios. Outros se arriscam a comprar transmissores de sinais para ver se conseguem ter comunicação. Lojas deixam de vender porque os cartões de crédito e débito não passam. Em busca de sinal no País da telefonia mais cara do mundo, comerciante, hoteleiro e taxista têm vários telefones móveis, de diferentes operadoras.
O prejuízo não está apenas na ineficiência do serviço, mas também na falta de compensação. O Jornal do São Francisco foi às ruas ouvir os barreirenses sobre os problemas que enfrentam com os serviços pagos de telefonia e de internet prestados sem qualidade.
Perda de clientes
A lentidão da internet afasta os clientes do Center Apart Hotel. A assistente administrativo Rosângela Eva e Silva cita o caso de um hóspede que, logo após efetuar o check-in, desistiu dos serviços do hotel por causa da vagarosa conexão. “Ele fez cinco tentativas de acesso à internet, que ora caía, ora ficava lenta. Diante disso, cancelou a reserva. Ficamos em situação constrangedora, apesar de dizermos que a internet é ruim em toda a cidade”, disse.
Apesar de usar os serviços de duas provedoras (Velox e Gol, esta última via rádio), tal medida preventiva não evita transtornos como a emissão da nota fiscal eletrônica. “Com a internet precária em Barreiras, nem deveria ter sido adotado o sistema de emissão desta forma”, reclama.
Recentemente, em outro caso, uma loja que vende ar condicionado disse que poderia emitir nota fiscal somente dias após a retirada da mercadoria. O gerente geral da sede da empresa, em Salvador, informou que a grande dificuldade da companhia está na internet. “Temos este problema de acesso ao site da Secretaria Estadual da Fazenda para emissão da nota fiscal eletrônica. Por isso, emitimos a nota por aqui e a enviamos para o e-mail do cliente”, disse o gerente do grupo Dalmo Camargo.
A Secretaria Estadual da Fazenda diz que o problema para a emissão de notas fiscais não está no site, mas sim na Internet. É o que garante o gerente do callcenter da Sefaz, Wilson Lopes. “Se houver dificuldade para a emissão das notas fiscais é problema da conexão”, disse, informando que qualquer problema pode ser resolvido, ironicamente, pelo telefone ou pela internet, se a rede permitir. “Ainda temos um representante em Barreiras”, informou.
Sem sinal e clientes
Para a consultora de beleza, Camille Fabiane Fioretti Ribeiro, o “sumiço” do sinal do celular é entrave para fechar negócios e conquistar fregueses. “Cheguei a perder clientes porque elas não conseguiam manter contato comigo. O celular serviria para facilitar meu trabalho, mas as constantes quedas de rede me obrigam a ir até elas. Tenho gastos acima da média com combustível”, evidencia.
De acordo com Socorro Alencar, gerente de uma loja de confecções masculinas, a internet instável compromete o acesso ao sistema para conferir o banco de dados de convênios. “Há pouco deixei de vender porque o cliente não podia perder tempo. O sinal não liberava o desconto da compra”, disse.
O tempo, aliás, é o maior entrave do comércio nas questões telefônicas. Por horas e até dias, a economia de Barreiras e de Luís Eduardo Magalhães só funcionou à base de dinheiro ou do famoso “fiado”. Nenhuma máquina de cartão, no início de novembro, aceitava cartões de débito ou de crédito, gerando problemas para os comerciantes, especialmente para os restaurantes.
Hora Marcada
Os problemas com telefone e internet parecem ter hora marcada. Há quem tenha percebido que as dificuldades, especialmente com os computadores, começam por volta das 14 horas, com picos de queda entre às 16 e 17 horas. A assistente administrativo de escritório de advocacia, Deni Nascimento, reclama da inconstância da internet nos dias úteis. “Serviços de urgência já tiveram que ser enviados um dia depois. É preciso recorrer à linha fixa ou ao celular para repor o tempo perdido com a internet”, afirmou. Demi não esconde que prefere a Vivo, mas reclama que “a concorrência, restrita a quatro empresas, faz com que elas abusem do consumidor”.
O simples envio de um relatório virou transtorno para a bancária Cristiane Ana de Jesus. “O que eu poderia fazer diretamente de minha casa, acabou me forçando a ir até o meu local de trabalho”, conta. Ela também reclama da telefonia celular. “Já fiquei uma semana sem sinal da Claro e quando procurava apoio da empresa, recebia a resposta de que o problema estava na rede”.
Ao passar pela Rua Coronel Magno, no centro de Barreiras, três lojas de empresas de telefonia – Claro, Vivo e Tim – disputam a clientela oferecendo vantagens na compra associada de dois problemas: internet e telefone. São gigabytes de preocupação e de aborrecimento com aparelhos de tecnologia avançada e com vários aplicativos, mas que não podem ser usados por um motivo bem simples: a rede não suporta.
Vários telefones para ter um
Para profissionais de diferentes segmentos, é vantajoso ter linhas telefônicas das mais variadas operadoras. “A linha telefônica só funciona na sorte por aqui”, diz Lismar de Souza Ramos, proprietário do restaurante Point do Macarrão, localizado no centro da cidade. O empresário utiliza números de celular de três operadoras (Tim, Claro e Vivo) e diz que o maior problema dele é com a Tim. “Por muitas vezes tive que sair do restaurante e ir até a esquina para conseguir sinal”, conta.
Em frente a este restaurante tem um hotel. Do outro lado da rua. O cliente, hospedado no hotel, bem que tentou fazer o pedido pelo telefone, mas não conseguiu. Preferiu, pela janela, acenar para o comerciante e fazer sua solicitação. Outro problema enfrentado por Lismar é com a máquina de cartões de débito e de crédito. “Tenho trabalho para passar os cartões. Tem casos em que o cliente opta por pagar em dinheiro, mas nem sempre ele está prevenido”, explica. O pior período, segundo ele, é entre às 17h e às 19h. “Justamente quando o restaurante começa a receber boa parte dos clientes”, completa.
A gerente de rede de farmácias Pague Menos, Cleonice Bessa, conta com os serviços de duas operadoras (Oi e Hughes, esta via satélite) para não ser “pega” de surpresa. “Mesmo assim, as quedas acontecem”, afirma. Os serviços de pagamento com cartões de débito e de crédito e de descontos de laboratórios e de acúmulo de pontos são os mais afetados quando o sinal desaparece. “Muitos clientes não compreendem, pensam que o problema é da empresa. Alguns chegam a ser agressivos com os funcionários e perdemos a venda”, conta. A emissão de nota fiscal, para evitar transtornos, é feita somente no horário comercial. Mas o contato com a central, em Palmas (TO), é dificultado pelo pífio sistema. “É impossível manter contato com a sede”, assegura.
Caos
“Estamos à beira do colapso em relação à telefonia e à internet em Barreiras”, afirma o diretor executivo da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Thiago Albuquerque Pimenta. “A lerdeza na conexão atrapalha o trabalho dos produtores que têm na internet, uma ferramenta indispensável para o acompanhamento de safra e mapeamento da região. Muitas vezes não conseguimos baixar o sistema de monitoramento. É preciso desligar e retornar para tentar melhor conexão”, disse.
Segundo ele, até dois anos atrás, o acesso à internet era “razoável”. Usuário da Vivo 3G, considerada pelo diretor como “uma porcaria”, Albuquerque diz que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, a falha não está nos aparelhos. O que compromete o acesso é o sistema, que é falho. “Não temos conexão com o resto do mundo”, lamenta.
Durante a Bahia Farm Show, lembra, foram alugadas quatro repetidoras (uma para cada empresa de telefonia) a fim de amenizar o problema. “Mesmo assim não foi uma conexão perfeita”. Outro caso lembrado pelo diretor foi uma tentativa de envio de um documento via e-mail para uma secretaria, em Salvador. Iniciou às 11h, mas até às 17h30, o envio não havia sido finalizado. “Se tivesse enviado por encomenda, por avião ou até mesmo por ônibus, o material já estaria lá”, frisa. Além da péssima qualidade do serviço prestado, o diretor diz que há precariedade também no atendimento do suporte técnico.


Contatos
Também os meios de comunicação – jornais, emissoras de rádio e de televisão – não estão imunes aos problemas com internet e com telefonia. A reportagem do Jornal do São Francisco tentou entrar em contato com as operadoras Vivo, Oi, Claro, Tim e até a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Não obteve êxito até o fechamento desta edição. Por ironia, a reportagem esbarrou nos problemas citados na matéria, com alguns agravantes.
Os sites das operadoras de telefonia móvel e fixa não oferecem facilmente os contatos das assessorias de imprensa. Para a operadora Claro foram necessárias quatro ligações para diferentes celulares que sempre caíram em secretária eletrônica. O Jornal do São Francisco mantém aberto o espaço às operadoras citadas para explicarem as razões que levam a telefonia e a internet a terem baixa qualidade na região. Em tempo: podem mandar a resposta por carta ou por mensageiro. É que o telefone ou a internet podem falhar.
FONTE: JORNAL SÃO FRANCISCO



domingo, 12 de janeiro de 2014

Valdirene Santos Lima Sena, moradora do Bairro Baixinha, desabafa: “não aguentamos mais ver água suja sair das torneiras”.

Reportagem:opovoonlineencruzilhada-bahia
Sem suportar mais a ingerência da Embasa Empresa Baiana de Águas e Saneamento Valdirene Santos Lima Sena, moradora do Bairro Baixinha, desabafa: “não aguentamos mais ver água suja sair das torneiras”. Segundo ela, a água que vem sendo distribuída para a Cidade de Encruzilhada, como Bairro da Baixinha não aparentam estar em boas condições de consumo ou uso doméstico por conta da coloração da água que deveria ser insípida, inodora e incolor. Para ser consumida a água potável é tratada pela Embasa Empresa Baiana de Águas e Saneamento e recebe altas cargas de elementos químicos para a retirada das impurezas, como terra, substâncias nocivas e bactérias, mas de acordo com informações da população, esse trabalho não está sendo feito ou outro problema vem comprometendo a qualidade. “A água vem parecendo barro, o sabor é diferente desde o início da semana. A água não está sendo tratada. Encruzilhada em peso reclama, mas quando é pra cortar são rápidos demais”, reclama a Senhora Valdirene Santos Lima Sena que pede providências urgentes, inclusive da ANA Agência Nacional das Águas, criada para fiscalizar o órgão. (Foto/Ilustrativa)

As consequências de beber água contaminada são o desenvolvimento de doenças como:
  • Diarreia;
  • Febre tifóide;
  • Hepatite A;
  • Parasitose;
  • E. coli;
  • Cólera;
  • Rotavírus e
  • Noravirus.

E estas doenças podem matar se o indivíduo não for devidamente tratado.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Morre o ex-líder israelense Ariel Sharon, aos 85 anos



Por Dan Williams JERUSALÉM, 11 Jan (Reuters) - O ex-primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon morreu neste sábado aos 85 anos, oito anos após sofrer um derrame, informaram a família do ex-líder e o governo de Israel. Sharon deixou grandes pegadas históricas no Oriente Médio por meio de invasão militar, construção de assentamentos judaicos nos territórios ocupados que palestinos buscavam para um Estado, mas também um choque, a decisão unilateral de retirada da Faixa de Gaza. Ele morreu no Sheba Medical Center, perto de Tel Aviv, onde estava em coma desde que sofreu um derrame no auge do seu poder como primeiro-ministro em janeiro de 2006. Os médicos haviam relatado um enfraquecimento acentuado em sua condição na semana passada. "Arik era um soldado valoroso e um estadista ousado que contribuiu muito para a segurança e a edificação do Estado de Israel", disse o presidente Shimon Peres, um ex-aliado político de Sharon e, com a morte do ex-primeiro-ministro, o último dos fundadores do estado judeu ainda na vida pública. "Arik amava seu povo e o seu povo o amava", disse Peres, usando o apelido de Sharon. "Ele não conhecia o medo e nunca temeu perseguir uma visão." Autoridades disseram que Sharon, que assumiu o poder, em 2001, logo após o início de um segundo levante palestino que durou até 2005, seria enterrado em um funeral de Estado para o qual dignitários estrangeiros seriam convidados. Palestinos acusaram Sharon de provocar sua "Intifada" com uma visita provocativa à mesquita al-Aqsa na Cidade Velha de Jerusalém. Ele também deixou muitos amargurados com a varredura destrutiva pelo exército israelense em áreas da Cisjordânia em 2002 após uma série de atentados suicidas palestinos, e seu cerco ao falecido líder palestino Yasser Arafat em Ramallah. Mas ele surpreendeu a muitos, retirando soldados e colonos da Faixa de Gaza, em 2005, sob uma política de "desligamento" do conflito e uma busca de diálogo com os palestinos. A retirada, no entanto, levou à tomada de Gaza pelo movimento islâmico palestino Hamas que, diferentemente do presidente palestino, Mahmoud Abbas, rejeita a paz e a coexistência com Israel. "Nós nos tornamos mais confiantes na vitória, com a partida deste tirano", disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zurhi, cujo movimento prega a destruição do Estado judeu. "Nosso povo hoje sente extrema felicidade com a morte e partida deste criminoso cujas mãos estavam manchadas com o sangue de nosso povo e o sangue de nossos líderes aqui e no exílio". Palestinos em Gaza estavam distribuindo doces aos transeuntes e motoristas como comemoração pela morte de Sharon. A doença devastadora de Sharon ocorreu logo após ele sair do partido de direita Likud e fundar uma facção centrista, com o objetivo declarado de promover a paz com os palestinos. "Ariel Sharon é uma das figuras mais importantes da história de Israel e como primeiro-ministro tomou decisões corajosas e controversas em busca da paz, antes que ficasse tão tragicamente incapacitado. Israel perdeu hoje um líder importante", disse o primeiro-ministro britânico David Cameron. "Ariel Sharon ... tem sido um importante ator na história do seu país. Depois de uma longa carreira militar e política, ele fez a escolha de virar-se para o diálogo com os palestinos", disse o presidente francês, François Hollande, em comunicado. O atual primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu do Likud, está em negociações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos com a administração palestina baseada na Cisjordânia do presidente Mahmoud Abbas, mas eles estão atolados em profundas diferenças. "O povo palestino se lembrará do que Sharon fez e tentou fazer de nosso povo e seu sonho de formar um Estado", disse Wael Abu Youself, um membro sênior da Organização para a Libertação da Palestina. "Apesar dos assentamentos e guerras que ele lançou contra nós, aqui e no Líbano e com o crime de guerra de (campos de) Sabra e Shatila, Sharon partiu e o povo palestino permanece em suas terras." Muitos israelenses vão se lembrar Sharon como um líder militar não-conformista que lutou na guerra de fundação de Israel em 1948 e passou a ganhar reputação de desobediência com inclinação para puxar o gatilho, mas também pela bravura e brilhantismo no campo de batalha. (Com reportagem adicional de Nidal al-Mugrabi em Gaza e Ali Sawafta em Ramallah)


















sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Motoristas e Pedestres enfrentam a buraqueira nas Ruas, Calçadas e Estradas Vicinais e Estaduais da cidade de Encruzilhada - Bahia.

Motoristas e Pedestres enfrentam a buraqueira nas Ruas, Calçadas e Estradas Vicinais da cidade de Encruzilhada -Bahia.



O nosso grande problema é a dificuldade de se andar a pé,de veiculos automotores, bicicletas ou motocicletas, como a maioria dos 38 mil moradores da sede e zona rural transitam pelas ruas, estradas e calçadas. A situação das ruas e calçadas e estradas vicinais é de extrema precariedade e já não recebem manutenção há muito tempo.
Já tinha ouvido algumas reclamações sobre os buracos das calçadas, estradas e ruas, mas não imaginava o quanto eram perigosos até que na última sexta - feira, quando eu caminhava de manhã pela localidade, conhecida como “Rua Paulino Primo”, o motorista do veículo não percebeu um buraco da Rede de Esgoto, o pneu do carro arrancou a tampa e quase teria sofrido um acidente que poderia ter sido ainda mais grave, Visando melhorar as condições das ruas, e cumprir o papel da prefeitura, os moradores precisam se organizar, quando viável, em mutirões de “tapa buracos” para amenizar os problemas que são ainda mais graves para os idosos e cadeirantes, mais perigosos ainda para o transporte de maior fluxo no local.
A prefeitura já recebeu diversas reclamações do péssimo estado do local, porém até agora não foi tomada nenhuma solução definitiva para as calçadas que a cada dia apresentam rachaduras e colisões. Os comentários dos moradores sobre a situação são relatos de grande insatisfação, entre eles “vergonha hein prefeito”, “depender dos órgãos públicos, estamos ferrados afirma Givalci Soares do Bonfim”, Já tinha passado da hora de alguém tomar alguma providência sobre isso, é uma pena que infelizmente os moradores é que tem que dar jeito”.
reportagem: opovoonlineencruzilhada-bahia

Salário mínimo deveria ser quatro vezes maior para manter uma família brasileira


O valor da cesta básica aumentou em 2013 em todas as 18 capitais brasileiras avaliadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sendo que em nove delas houve avanço superior a 10%. Tendo como referência os preços de dezembro, o Dieese calculou que o salário mínimo no país deveria ser quatro vezes maior que o então em vigor. Os dados são anunciados um dia antes do medidor oficial de inflação do governo nesta sexta-feira, e se unem a uma série de indicadores recentes pouco animadores, como o fluxo cambial negativo, o aumento do endividamento das famílias e a queda na venda de veículos. A cesta básica medida pelo Dieese é a única exclusivamente composta por alimentos a contar com uma abrangência considerada nacional, em um país com 27 unidades federativas. Para determinar o valor considerado ideal do salário mínimo, o instituto leva em consideração os gastos essenciais de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. “Houve um aumento expressivo de alimentos considerados básicos. Para as pessoas de baixa renda, os alimentos são o item que mais pesa no orçamento, em torno de 40%. Quanto mais baixa a renda, mais se gasta com alimentos”, avalia a economista e supervisora da área de preços do Dieese nacional Patrícia Lino Costa. O salário mínimo em dezembro era de 678 reais, e foi reajustado em 1o de janeiro para 724 reais. As maiores altas na cesta corresponderam a Salvador (16,74%), Natal (14,07%) e Campo Grande (12,38%). As menores, em Goiânia (4,37%) e Brasília (4,99%). Dos 13 alimentos básicos avaliados, os que mais subiram ao longo de 2013 foram leite, farinha de trigo, banana, pão francês e batata. O óleo de soja foi o único produto da cesta a apresentar queda de preço em todas as cidades. Nesta quinta-feira, dados oficiais confirmaram ainda que a safra de 2013 de cereais, leguminosas e oleaginosas foi recorde no Brasil. Foram registrados 188,2 milhões de toneladas, 16% a mais que em 2012. Como costuma acontecer, arroz, milho e soja representaram a enorme maioria da produção nacional de grãos. A área colhida no ano passado foi de 52,8 milhões de hectares, com alta de 8% ante 2012. “A gente tem uma safra recorde, mas algumas questões precisam ser avaliadas, porque o que a gente observa é um resultado diferente nas cestas”, acrescentou Costa. IPCA e conjuntura Os valores colhidos pelo Dieese preocupam também ao mostrar que alimentos básicos cresceram em 2013 em média acima da inflação geral, em meio à grande expectativa de divulgação do medidor oficial anual do governo nesta sexta-feira. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem no item alimentação e bebidas um de seus componentes principais. Economistas preveem um resultado entre 5,5% e 6%. O governo trabalha com 4,5% como o centro de sua meta, com tolerância até 6,5%. O maior temor envolve o setor de serviços, que pode frear o consumo ao longo de 2014. “Os serviços vão ficando tão caros, que as pessoas freiam o consumo. Nesse setor, ocorre um mecanismo de inflação que se autocontrola. Quando a inflação é alta, a economia desacelera por dois motivos: ou porque o Governo aumenta os juros ou as coisas ficam tão caras, que o poder aquisitivo é corroído e o consumo diminui”, avalia o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, por sua vez, um crescimento de 7,5% do número médio de famílias endividadas em 2013. O percentual de endividados alcança a média anual de 62,5% do total das famílias brasileiras, segundo a entidade, o que pode dificultar ainda mais o consumo ao longo deste ano. Um sinal de queda no consumo vem também das vendas de veículos de passeio e comerciais leve em 2013. A Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave) registrou 3,57 milhões de unidades comercializadas no ano passado, ante 3,63 registrados no ano anterior. Foi a primeira queda desde 2003. Os últimos dados de produção industrial também apontaram queda, embora leve, de 0,2%. O economista Ayrton Fontes credita parte da diminuição na venda de automóveis a uma consequência do excesso de consumo que houve nos anos 2010, 2011 e 2012. “Essa queda nas vendas vai ser perpetuada agora neste ano”, afirma, em referência sobretudo ao fim da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor automotivo, o que encarece os veículos. Outro ponto de atenção é o impacto de alta que o câmbio pode ter na cesta de produtos avaliados para o cálculo da inflação. Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em sua maior cotação desde meados do ano passado, no patamar de 2,39 reais. No dia anterior, o Banco Central já havia informado que a entrada e saída de moeda estrangeira do país teve déficit em 2013, o pior resultado desde 2002. “A aceleração do câmbio no último trimestre tornou o risco inflacionário uma preocupação de novo para o BC, que deve continuar subindo os juros”, acrescenta Padovani. O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma, por sua vez, que o mercado ainda está muito cético quanto a uma queda da inflação. “Se de um lado gera desconforto por conta das interações existentes entre o câmbio e o nível de preços num país que vive a surrealista situação de 11 diferentes índices de inflação todo o mês (…), por outro não vemos como negativo este movimento. Afinal um câmbio mais fraco pode ajudar, entre outras coisas, a evitar a sangria nas contas externas”, avalia.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Obama se aproxima de decisão sobre reforma em setor de inteligência


Por Steve Holland WASHINGTON, 9 Jan (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, consultou na quarta-feira autoridades do setor de inteligência sobre formas de limitar as práticas de vigilância dos EUA, à medida que se aproxima de concluir uma revisão que levará a mudanças na forma de proceder com dados de telefonemas e também a restrições na espionagem de líderes estrangeiros. Obama, que pode anunciar as reformas no setor de inteligência na próxima semana, tem agido em busca de restaurar a confiança dos norte-americanos nos serviços de inteligência do país, após os danos causados pelas revelações do ex-prestador de uma agência de espionagem Edward Snowden sobre a dimensão das práticas de vigilância do governo. O presidente conversou sobre o andamento do processo de revisão em reunião com o diretor de Inteligência dos EUA, James Clapper, o diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), Keith Alexander, o secretário de Justiça, Eric Holder, e o vice-presidente, Joe Biden. "Essa foi uma chance importante para o presidente ouvir diretamente de sua equipe, quando ele começa a tomar decisões finais sobre como nós vamos seguir em frente com os programas-chave de inteligência", disse Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Obama também reuniu-se com integrantes do Conselho de Supervisão da Privacidade e das Liberdade Civis, um grupo bipartidário independente que faz uma revisão das práticas de vigilância dos EUA, incluindo a coleta de dados de telefonemas. Obama deve encontrar diversos parlamentares norte-americanos nesta quinta-feira para voltar a tratar sobre a revisão da inteligência. As reformas devem incluir algumas restrições à espionagem de líderes estrangeiros, uma questão surgida no ano passado após denúncias de que a NSA teria espionado as comunicações pessoais da presidente Dilma Rousseff e da chanceler alemã, Angela Merkel. As informações sobre a capacidade de o governo de monitorar o tráfego de telefonemas e emails de norte-americanos e estrangeiros estão entre as principais revelações feitas por Snowden, que atualmente vive em asilo temporário na Rússia. Ele é procurado pelos EUA para enfrentar acusações de espionagem.

O assassinato de uma ex-miss altera a pauta política da Venezuela


Não só foi pelo nome das vítimas – Mónica Spear, miss Venezuela 2004 e conhecida atriz de novelas, seu ex-marido, o irlandês Thomas Henry Berry, e a filhinha deles, de cinco anos –, mas também pela maneira como o fato aconteceu: na noite do Dia de Reis, depois de o carro deles passar por um buraco na rodovia que liga Puerto Cabello a Valencia, na zona costeira central do país, dois pneus do carro estouraram. Logo depois, um guincho os socorreu. Enquanto erguiam o veículo para trocar os pneus e seguir viagem, dois bandidos apareceram, aparentemente para roubá-los. Os primeiros dados colhidos pela polícia científica indicam que Spear e sua família se fecharam no veículo, que foi baleado. Segundo a empresária da atriz, ela morreu vítima de um disparo, e seu ex-marido levou três tiros. Ambos morreram. A menina sobreviveu ao ataque com um ferimento na perna. A ampla divulgação dada à fatídica notícia na manhã desta terça-feira provocou um abalo poucas vezes visto no país. As redes sociais explodiram em indignação e tristeza, fazendo da hashtag #MonicaSpear em uma tendência nacional. O Governo precisou então modificar sua pauta do dia.
Ao meio-dia, a emissora estatal Venezuelana de Televisão, que há vários anos erradicou da sua programação qualquer alusão à desenfreada insegurança neste país – a qual no ano passado custou a vida de 24.763 pessoas, segundo estimativas da ONG Observatório Venezuelano da Violência (OVV) –, mostrou o presidente Nicolás Maduro reunido com um grupo de artistas chavistas ligados ao coletivo Movimento de Artistas pela Vida e a Paz. Um deles, Manuel Sosa, foi o primeiro par romântico nas telas da atriz assassinada. A habitual voz tonitruante do presidente se transformou em um sussurro para narrar detalhes do caso aos presentes, revelando também o enlutado estado de espírito nacional. Spear desfila na final do Miss Universo 2005, em Bancoque. / RUNGROJ YONGRIT (AFP) Na saída dessa reunião, o porta-voz do coletivo, o ator Roberto Messuti, pediu que não se politize um fato trágico. “Não o transformem em um circo político, porque são claramente palpáveis os esforços do Executivo em matéria de segurança”, acrescentou o diretor da polícia científica, José Gregorio Sierralta, ao divulgar os primeiros detalhes do duplo homicídio. Ambos os comentários revelaram a principal crítica feita pelo chavismo no decorrer do dia. Não obstante, todas as declarações dos porta-vozes governistas pareceram ser insuficientes para conter a crise comunicacional desatada. Com genuína dor, as figuras públicas contrárias ao governo não pouparam críticas aos frustrados planos de segurança e salientaram o fracasso do chavismo no combate à criminalidade nos últimos 15 anos. Sobre Spear, ressaltavam não só o trágico destino de sua filha órfã, mas também sua imensa espiritualidade e um apego à sua terra, que muitos vinham pondo em dúvida nos últimos tempos. A morte também ocorre num momento em que o governo tenta resgatar o turismo interno, mediante um slogan que promove a Venezuela como um destino “chévere” (“legal”, na gíria local), ao mesmo tempo em que quase tacha de traidores da pátria os líderes políticos oposicionistas que viajaram de férias para o exterior durante as recentes festas de fim de ano. O coletivo artístico também recriminou o principal responsável pela campanha, o ministro dessa pasta, Andrés Izarra, que minimizou o impacto da insegurança no turismo nacional e estrangeiro. Em 2010, por exemplo, ele zombou das cifras da OVV durante em uma entrevista à rede CNN. Em 2013, a ONG calculou que 79 a cada 100.000 venezuelanos foram assassinados ao longo do ano. O ministro do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torre, refutou essas informações e assegurou que em 2013 houve uma redução de 17% nos homicídios e 51% nos sequestros, com uma taxa de 39 pessoas mortas violentamente a cada 100.000 habitantes. Os venezuelanos, entretanto, parecem pouco se importar com a diferença entre os cálculos e, de forma mais geral, com qualquer menção às explicações oferecidas por porta-vozes governistas, que buscam “nos antivalores gerados pelo capitalismo” a explicação para a violência generalizada no país. Há muita dor e indignação. Maduro pareceu acusar esse sentimento, porque, na metade da tarde da terça-feira, enquanto esperava a chegada de seu homólogo Evo Morales no aeroporto de Maiquetía, decidiu conceder uma segunda declaração aos meios de comunicação estatais, desta vez em tom mais firme do que na primeira fala. O presidente iniciou sua intervenção revelando que havia conversado com os investigadores da polícia científica na tentativa de encontrar uma explicação para “sanha criminal” com a que a família de Mónica Spear foi crivada de balas. Depois, disse que ajustará os planos de segurança pública e que se reunirá nesta quarta-feira com todos os governadores do país e com os prefeitos de 79 municípios onde a criminalidade é mais crítica. A advertência mais forte ele reservou para o final: “Embora eu tenha estendido a mão aos jovens que estão na antivida, também irei a fundo contra os que quiserem matar homens e mulheres de bem. Falo aos criminosos: que explicação têm para matar? Digo isso com indignação e dor. Eu assumo minha responsabilidade. Quem quiser vir para matar vai encontrar uma mão de ferro. Que ninguém se engane”. A oposição política tampouco foi indiferente ao duplo homicídio. O líder Henrique Capriles e outros ocupantes de cargos relevantes, como o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, expressaram suas condolências. Capriles foi inclusive bem além e escreveu em sua conta do Twitter, durante a manhã, antes do anúncio de Maduro: “Nicolás, eu lhe proponho deixarmos de lado nossas profundas diferenças e nos unirmos contra a insegurança em um só bloco”. Até agora não está confirmado o horário da reunião, mas tudo indica ser mais do que provável um encontro cara a cara entre os principais rivais da política local. Entretanto, Capriles esclareceu ao El País que não recebeu informações sobre essa reunião. “Agora, a respeito do tema da insegurança dos venezuelanos, sempre estarei disposto a falar e trabalhar com quem for. Para mim, é um tema sagrado.” Spear, nascida em Maracaibo, no Estado de Zulia, em 1984, teve uma passagem curta, mas fulgurante, pela televisão venezuelana. Protagonizou novelas no seu país – Mi Prima Ciela e La Mujer Perfecta – antes de se radicar nos Estados Unidos, em 2011, onde era contratada pelo canal Telemundo. Era apenas uma etapa em sua vida. Tímida, um tanto desorientada, sempre optou por retornar à Venezuela, apesar das ofertas que, segundo seus colegas, tinha em Los Angeles. Para seus admiradores, talvez o que mais doa seja a morte cruel que coube a alguém com temperamento tão otimista.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Uma filha do rei da Espanha acusada por crime fiscal


O juiz José Castro decidiu acusar a Infanta Cristina de Bourbon pelos crimes de suposta lavagem de dinheiro na gestão e administração de fundos suspeitos gerados pelos negócios sujos de seu marido Iñaki Urdangarin e contra o Tesouro público. Em um auto de 227 folhas, o magistrado convoca a filha do rei a depor no próximo dia 8 de março às 10h da manhã em Palma de Mallorca, no marco do processo por suposta corrupção do caso Urdangarin, também chamado de caso Nóos. Nesta causa, o genro do rei Juan Carlos, Iñaki Urdangarin, e seu ex-sócio Diego Torres são investigados por desvio de fundos públicos. Ambos estão sob suspeita judicial depois de embolsarem 5,8 milhões de euros através do Instituto Nóos – sem fins lucrativos – em sua relação com os governos da Comunidad Valenciana e das ilhas Baleares, ambos do Partido Popular. O promotor anticorrupção Pedro Horrach, que não vê elementos para envolver a Infanta, pedirá mais de 12 anos de prisão para o marido dela pelos supostos crimes cometidos, entre eles os crimes fiscais. O juiz Castro esteve nove meses dedicado de maneira quase que exclusiva na reconstrução do retrato da vida financeira e tributária de Cristina de Bourbon, rastreou suas contas, cartões, faturas e gastos, as propriedades e declarações de imposto de renda. No processo, há uma biografia completa da atividade econômica particular dela entre 2002 e 2012. Em um auto de 227 folhas, o juiz sustenta que existem indícios penais suficientes para contrastar com a protagonista a versão sobre os fatos e sua suposta responsabilidade criminal. A convocação da também duquesa de Palma – que não tem um foro especial diante dos tribunais – foi feita pelo juiz apesar da oposição aberta da Promotoria Anticorrupção, a Advocacia do Estado e o advogado de Urdangarin e seu próprio defensor. O Ministério Público e os advogados dispensam a filha do rei e defendem que ela não participava das atividades da empresa do marido e ignorava todos os detalhes financeiros. Apenas o sindicato Mãos Limpas reivindica a participação penal da filha do rei no caso. José Castro argumentou a necessidade de investigar e tomar o depoimento de Cristina de Bourbon a partir de duas reflexões: “evitar que a incógnita [sobre o papel da infanta] se perpetue” e não contradizer a máxima que estabelece que a “justiça é igual para todos”. Se o Tribunal de Palma não bloquear a imputação e desautorizar o juiz – como já ocorreu numa primeira decisão em abril de 2013 no mesmo sentido – a Infanta Cristina deverá comparecer ao tribunal para ser interrogada em relação à gestão dos fundos de origem ilícita, provenientes dos supostos negócios ilegais do genro do rei, Iñaki Urdangarin, no Instituto Nóos. Também está sob as lupas do juiz a riqueza econômica gerada na sociedade patrimonial Aizoon, propriedade do casal Urdangarin-Bourbon. O juiz, sobre a base de reiterados relatórios e análises que encomendou à Agência Tributária e à Polícia de Crime Econômico, fundamentou a estrutura de sua decisão com cifras e declarações. Castro tinha duas saídas depois de esgotar suas investigações sem interrogar a investigada: envolver a filha do rei e convocá-la a depor; ou, do contrário, arquivar definitivamente a parte do processo aberta contra ela devido à inexistência de elementos para articular uma decisão. O magistrado, por indicação do Tribunal, traçou “uma linha de investigação com tendência a declarar ou descartar a possível comissão” do crime pela gestão de bens de origem ilegal conseguidos por Urdangarin e a sociedade comum Aizoon. A Infanta e seu marido gastaram cerca de seis milhões de euros na compra de seu palacete de Pedralbes e mais de três milhões em obras e decoração. Todas as faturas e itens da reforma foram analisados pelo juiz. A oposição do promotor O promotor anticorrupção Pedro Horrach, que há três anos começou o caso Urdangarin com o juiz José Castro, não concorda com o critério do magistrado sobre a Infanta ao sustentar que “não há a existência de indícios incriminatórios dos quais poderiam derivar a imputação”. Além disso, Horrach indica que “não se pode imputar nem castigar ninguém pelo o que é, senão pelo o que fez” e insiste que “por sua suposta participação dos fatos criminosos e não por sua condição”. Por sua vez, o promotor geral do Estado, Eduardo Torres-Dulce, que pelo menos em meia dúzia de vezes explicou nos últimos meses que não há indícios para envolver a Infanta, rejeita um tratamento especial à filha do rei por parte do Ministério Público. “Não há nenhum tratamento privilegiado. Seria um tratamento de desfavor fazer o contrário do que alguém pensa justificadamente em Direito”, garantiu. O chefe da Casa do Rei, Rafel Spottorno, disse em entrevista concedida à TVE há alguns dias que os três anos de instrução do caso Urdangarin foram “um martírio” devido à enxurrada de notícias. Semanas antes, o juiz Castro havia repreendido duas instâncias governamentais, a Agência Tributária e a Polícia, pela “grande demora” em emitir seus últimos relatórios encomendados sobre a Infanta e a Aizoon, o que motivava um atraso desnecessário na conclusão da investigação judicial. Castro argumentou a necessidade de interrogar a filha do rei e refletiu que seria “uma clara contradição à prática cotidiana dos tribunais, que em casos semelhantes é muito escassamente provável que prescindissem deste trâmite”, o de não chamar a depor. Ou seja, acusá-la para interrogá-la acabaria com qualquer “sombra de suspeita” de favoritismo sobre ela. Ele já havia se manifestado desta forma em abril de 2013 em sua primeira decisão sobre a Infanta. Embargo do palacete de Pedralbes Em novembro, o juiz embargou a mansão de 1.000 metros quadrados em Barcelona, cuja propriedade é compartilhada em 50% cada entre a Infanta e seu marido. A casa foi posta à venda por 10 milhões de euros depois que a família foi para a Suíça. O juiz Castro bloqueou o palacete e outros 15 bens porque o genro do rei e seu ex-sócio, Diego Torres, não pagaram a fiança de responsabilidade civil, solidariamente para ambos, de 6,1 milhões. O Tribunal reduziu a fiança inicial para não incidir duas vezes o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) , pois Urdangarin alertou à Corte que no caso de um duplo pagamento tributário ele sofreria um “empobrecimento injusto”. Segundo o Tribunal de Palma, a Aizoon era usada de fachada para lavar os fundos ilícitos ou evitar o pagamento de impostos. A Aizoon tinha sua sede no palacete, e os duques tramaram e declararam um aluguel fictício – a si mesmos – que o Tesouro rejeitou como dedução de despesas. A política examinou também as contas da reforma da mansão para saber quem e quais empresas operaram e de que maneira faturaram os trabalhos de “reabilitação, fornecimento e manutenção” da casa em Barcelona. Aizoon, a sociedade-fachada sem estrutura A Aizoon era a sociedade na qual o marido da Infanta Cristina colocava centenas de milhares de euros por ano – até mais de um milhão – procedentes de seus contratos com administrações públicas através do Instituto Nóos e as empresas privadas. Um relatório da Agência Tributária sinaliza que em quatro anos de atividade do Nóos (2004-2008), dos quase 10 milhões de euros conseguidos, pelo menos 6,4 milhões acabaram nas arcas de empresas privadas de propriedade de Urdangarin, de Torres ou de ambos. O Tesouro conclui que o conglomerado de empresas privadas de Urdangarin e Torres cruzava faturas “sob conceitos extremamente genéricos ou imprecisos”, por “valores redondos” e com múltiplas duplicidades em relação a fornecedores externos, assim como incongruências, inexistência dos serviços supostamente prestados e “no extremo” de falsificação material da fatura. A tese de defesa do promotor é de que a Infanta não dirigia a Aizoon, apesar de ser acionista e administradora formal, participar de seu conselho e assinar atas. Entre 2004 e 2006, a Aizoon, empresa de Urdangarin e a Infanta, emitiu faturas a outras empresas do grupo por prestação de serviços, apesar de que naquela época carecia de “estrutura empresarial”. “O resto de entidades [do conglomerado de Urdangarin e Torres] tornam-se meros instrumentos para drenar e distribuir os recursos obtidos através do Nóos entre seus dois proprietários e líderes”. Fora da agenda de eventos da Família Real O genro do rei e a filha menor do monarca, a Infanta Cristina, estão fora da agenda de atividades oficiais da Família Real. Com o envolvimento de Urdangarin no caso, sua atuação foi rotulada como pouco “exemplar” pelo Palácio La Zarzuela e ele ficou fora das atividades protocolares. O ex-jogador de handebol do Barça e da seleção espanhola foi chamado a depor como acusado diante do juiz. Ele está acusado e com fiança de responsabilidade civil de 6,1 milhões de euros. Sua mulher também está afastada da agenda de atos da Casa Real, antes mesmo de se ver relacionada com as investigações do escândalo que seu marido começou a protagonizar com seu ex-sócio Diego Torres.
Fonte:El Pais